Pular para o conteúdo principal

Operação Teseu




O romance de Luís Fernando Veríssimo apresenta todas as marcas já conhecidas do autor. Leitura ágil e agradável, conduz o leitor a participar de um enigma literário. Surpresas, pistas importantes, humor requintado são os elementos usados pelo autor ao nós conduzir nessa grande aventura de "espionagem".
"No novo livro, a assinatura de Verissimo está na narrativa em primeira pessoa, na caracterização do narrador (homem frustrado de meia idade que mantém alguma relação com a literatura), nas marcações de tempo ao longo da trama, na maneira de construção do humor irônico, na convergência de vozes, nas reflexões de metalinguagem sobre a própria história e na estrutura de paródia dos livros policiais. Assim como acontece nos outros romances, Os espiões envolve uma trama de mistério que vai sendo desenrolada em suposições de mesa de bar, descambando para teorias da conspiração e ações trapalhadas.
Nesse caso, o mistério chega na forma de um envelope com o início de originais de uma certa Ariadne para serem avaliados por uma editora. O narrador, responsável por selecionar o que merece ser publicado ou não, fica intrigado com o texto, misto de testamento de suicida e confissão de vingança contra seus detratores. Reunido junto a companheiros de bar, ele recolhe informações sobre o município de Frondosa, remetente do envelope, e decide enviar um informante para checar de perto a existência da suposta autora". (Thiago Correia)

A sensação que o leitor tem é de participar intimamente dessa espionagem, ajudando o narrador e seus amigos a salvar a vida de Ariadne. Muitas surpresas são reveladas. E isso deixa o livro cada vez mais divertido e interessante. Vale a Pena. ****

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Chuva de Fogo

Lembro-me de que era um belo dia de sol, cheio do burburinho popular, nas ruas atulhadas de veículos. Um dia bastante quente e de perfeita transparência. Do meu terraço via-se uma grande confusão de telhados, parques esparsos, um naco de baía juncado de mastros, a linha reta e cinzenta de uma avenida..... Por volta das onze horas caíram as primeiras fagulhas. Uma aqui, outra ali, partículas de cobre semelhantes às faíscas de um pavio; partículas de cobre incandescente que batiam no chão com um barulhinho de areia. O céu continuava límpido, o ruído urbano não diminuía. Só os pássaros da minha gaiola pararam de comer. (Leopoldo Lugones) A leitura desse texto de Lugones é sensacional. Impressiona pela beleza plástica e pela apoteose apresentada acerca do fim do mundo e a cena do fogo tomando conta, destruindo tudo em sua volta. Raridade. O texto está presente na coletânea dos "melhores contos bíblicos" da Ediouro.

Martinho e a dificuldade da renovação

Martinho da Vila sempre está na minha cartola de canções essenciais e sempre aguardo com expectativa seus trabalhos. Entretanto nos últimos anos, Martinho vem se pautando por uma excessiva revisão em sua discografia. Seu último CD de inéditas é de 2007. De lá pra cá, regravações de sucessos e se prestarmos atenção, quase das mesmas canções. Falta de criatividade tenho certeza que não é. O compositor Martinho sabe extrair poesia das coisas mais simples e elevá-las a obras primas. Espero que em outra oportunidade, Martinho volta a ser aquele arrojado artista que surpreende seus ouvintes com narrativas sensacionais. Todo mundo sabe da importância das canções "Menina Moça"; "Casa de Bamba"; "O Pequeno Burguês", mas estas canções estão nos seus últimos três discos. Se pelo menos os arranjos apresentassem novidades, mas fica na releitura do sucesso. Não era necessário.Apesar disso, 4.5 é o cd do momento em minha trilha sonora, mas logo depois corro e coloco

Um passeio pelas ruas do Brasil

  A sensação é angustiante. A sensação que tive ao ler a nova obra de Chico Buarque foi de profunda desesperança e solidão. Por coincidência, estive em julho dez dias na cidade do Rio de Janeiro. Precisamente em Copacabana. Todos os contos do livro tem como cenário o cartão postal do país. Entretanto, esse cartão postal não é o oficial, o que revela toda a beleza do lugar. O que temos na obra é o lado B. As fissuras de um projeto de modernidade que não deu certo. Toda a desigualdade do nosso país, colocada sem adjetivos, sem possibilidade de mudança. Não precisava ser assim.