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Mostrando postagens de 2011

Política e Poder

O mérito das 555 páginas da última biografia é discutir não apenas a vida e a religiosidade de Cícero Romão Batista, mas mostrar os bastidores políticos e econômicos da Igreja Católica em todas as suas esferas. Lira realiza um amplo painel das condições históricas e sociais que permitiram o surgimento do fenômeno religioso que tomou proporções inimagináveis para a sociedade brasileira. Lira não realiza a exaltação do mito religioso. Mostra os lados positivos e os negativos da personalidade do Padim Ciço e seu profundo respeito a hierarquia eclesiástica personificada pelo Vaticano.Ao terminar a leitura fica o desejo de imediatamente visitar Juazeiro do Norte e conferir toda essa história passeando pelos locais sagrados e históricos do interior do país. **** Entrevista A partir do subtítulo – “Poder, Fé e Guerra no Sertão” -, você parece deixar claro que não poupa padre Cícero das muitas críticas negativas atiradas contra ele pelos detratores? É evidente que não. Não escrevi o livro p

And I Love Her (Lennon e MacCarteney)

I give her all my love That's all I do And if you saw my love You'd love her too I love her She gives me ev'rything And tenderly The kiss my lover brings She brings to me And I love her A love like ours Could never die As long as I Have you near me Bright are the stars that shine Dark is the sky I know this love of mine Will never die And I love her Bright are the stars that shine Dark is the sky I know this love of mine Will never die And I love her

É Luxo Só

É luxo só ter a oportunidade de ouvir os últimos trabalhos de Cauby Peixoto. Aos 82 anos de idade, Cauby lança um box com três cds inéditos mostrando e reforçando sua versatilidade e importância histórica. Os discos são sensacionais. O cantor acompanhado de uma orquestração competente que soube casar perfeitamente os arranjos com o virtuosismo vocal do cantor. O Brasil finalmente reconhece a força do canto de Cauby que comemora 60 anos de carreira. Cada cd apresenta uma proposta. Em "A Voz do Violão", Cauby tem a oportunidade de cantar os grandes nomes da MPB e seus principais sucessos. O cantor sempre quis gravar um disco desse porte. Durante muito tempo, preso a questões mercadológicas,nem sempre Cauby teve controle e autonomia para gravar seus discos. Mas na fase atual, respeitado com dignidade pela gravadora Lua Music, somos brindados com interpretações concisas acompanhadas pelo violão maravilhoso de Ronaldo Rayol: Guerreiro Menino (forte); Lembra de Mim (bonito demais);

Biografia de um Anarquista

Seguindo a tradição de aliar humor com uma ampla pesquisa histórica, "O Homem que matou Getúlio Vargas"´proporciona ao leitor a oportunidade de assistir aos fatos históricos pelo lado de dentro. Essa é a grande conquista realizada pelo humorista Jô Soares. As confusões do anarquista assassino "trapalhão" e sua falta de "sorte" ou "competência" o coloca como personagem central dos principais fatos históricos do início do século XX tanto na Europa quanto no Brasil. A leitura inicial é cansativa pelo excesso de informações biográficas que inserem o personagem principal. Mas no decorrer da leitura, o estilo de Jô Soares sobressai e o leitor é conduzido dentro da trama como se estivesse assistindo um bom filme. *** Nome: Dimitri Borja Korozec. Filiação: pai sérvio, mãe brasileira. Marca de nascença: seis dedos em cada mão. Ideologia: algo assim como uma espécie de anarquismo. Profissão: assassino. Vítimas preferenciais: líderes políticos. Ele é o home

Música da Semana: Recanto Escuro

Eu venho de um recanto escuro O sol, luz perpendicular Do outro lado azul do muro Não vou saltar Eu chego às portas da cidade E nada procuro fazer Espero, nem feliz nem gaia Acontecer Não salto mas sou carregada Por asas que a gente não tem A luz não me fulmina os olhos Nem vejo bem Em breve só saio de noite A lua não me rasga o peito Cool jazz me faz feliz e só Não tenho jeito O álcool só me faz chorar Convidam-me a mudar o mundo É fácil: nem tem que pensar Nem ver o fundo O chão da prisão militar Meu coração um fogareiro Foi só fazer pose e cantar Presa ao dinheiro Mas é sempre o recanto escuro Só Deus sabe o duro que eu dei Mulher, aos prazeres, futuro Eu me guardei Coisas sagradas permanecem Nem o Demo as pode abalar Espírito é o que enfim resulta De corpo, alma, feitos: cantar Caetano Veloso

Gal e Caetano

As minhas primeiras impressões do novo trabalho de Gal Costa são ambíguas. Nas audições iniciais, não senti nenhuma atração pelas canções arquitetadas por Caetano Veloso especialmente para a irmã de coração. Esse estranhamento é natural e posso tê-lo pois conheço profundamente a obra de Gal Costa. Cada vez que ouço o cd, entretanto, vou entrando na magia do canto suave da cantora acompanhando os arranjos eletrônicos, os arranhões, a secura dos arranjos criados pela galera de Caetano e vou encantando-me com o que ouço. Gal mostra sua ousadia mais uma vez ao arriscar trilhar esse novo caminho. Podia lançar mais um cd tradicional como vinha lançando, ao contrário da crítica, prefiro o último cd Hoje, onde Gal apresenta uma abordagem múltipla e variada de novos compositores da MPB. Isso também é ser ousada. Vou acostumando e me entregando a sonoridade proposta no trabalho da cantora. Na mesa do som, só há espaço para o recanto que sinto ser luminoso de Gal Costa.

Barulho Demais...

Leandro Narloch e Duda Teixeira procuram em seu novo guia histórico destruir ou revisar os principais mitos políticos que marcaram a História política, econômica e social da América Latina. Essa rediscussão, infelizmente, busca apresentar o lado oculto de líderes como Che Guevara, Peron e Evita, Salvador Allende dentre outros. Fofocas, bilhetinhos de mesa, encontro com ninfetas são apresentados como novidades mas isso não interessa em nenhum momento para entender o momento histórico em que esses líderes surgiram. Não gostei nenhum pouco da abordagem da obra que pretende ser um trabalho histórico, mas não é nada mais do que uma ampla colagem de reportagens extraídas da pesquisa empreendida pelos autores.

Má Educação

Alguns cineastas são conhecidos por fazer comédias, outros são melhores no drama e, outros, no suspense. Almodóvar não é diretor de um gênero só, é diretor de muitos gêneros em um filme só e essa é a característica de seu cinema. E, claro, o aguardado Má Educação não é diferente: tem drama, suspense, crimes, comédia e toques eróticos em uma roupagem que só este diretor espanhol consegue imprimir na película. A história na década de 80, quando Ignácio (Gael Garcia Bernal - muito bom, como sempre) procura um antigo amigo de infância, Enrico (Fele Martínez). Ignácio virou ator e está lá não somente para pedir emprego ao velho amigo que se tornou cineasta, mas também quer que leia uma história de sua autoria: A Visita. É quando Almodóvar nos transporta à infância dos amigos que, alunos de uma escola de padres, apaixonaram-se e foram separados pelo Padre Manolo (Daniel Giménez Cacho) que, por sua vez, era apaixonado por Inácio. Mais tarde, perturbado por conta das lembranças infantis, ele

Vida Inteligente no Cinema

Meu primeiro presente de final de ano veio em grande estilo. Os filmes de Pedro Almodóvar são sensacionais. Mergulhando em temas profundos, o diretor vasculha a alma humana, abordando todos os assuntos que interessam a nossa vida. Sexo, amor, abandono, violência, fome; sentimentos dispersos que mostram nossa fragilidade diante da vida. Neste final de semana revi Fale com Ela (lírico e denso. A cena da tourada com a canção de Elis Regina é covardia de tão bonita) e Má Educação. Vida inteligente no cinema nos deixa um pouco mais inteligente também. Crítica: Fale com Ela (Folha de SP) A maturidade chegou para Pedro Almodóvar, mas não lhe roubou o senso de aventura. "Fale com Ela", que tem exibição neste sábado no Festival do Rio BR -e que virá também para a Mostra de Cinema São Paulo-, é um filme impregnado de segurança e serenidade, mas nem por isso sem inquietação. A trajetória de Almodóvar é a de um cineasta que, aos poucos, foi se despindo dos efeitos fáceis. O jovem provoc

Bethânia encanta Chico Buarque

Era exatamente 21:23 quando Maria Bethânia surge no palco do teatro Rio Vermelho. O show foi perfeito. Tudo deu certo. Com poucos tropeços e nenhuma bronca, a cantora desfila emoções no teatro lotado com 2.007 pessoas. A roupa apresentada foi diferente das outras apresentações. Vestido longo parecido com o usado no 2 ato do show Dentro do Mar tem Rio. No repertório, Bethânia só não cantou Brejo da Cruz. Foi ovacionada ao cantar Olhos nos Olhos. Há muito tempo não via interpretações tão magnificas da cantora em canções como "Tira as mãos de mim", "Tatuagem","Noites dos mascarados". O show parece que tomou forma e Bethânia se mostra mais a vontade sem tropeços das apresentações anteriores. Alguns arranjos foram aprimorados: "Olê Olá" estava irresistivel; "Valsinha" com mais acordes encantou a platéia, que acompanhou logo depois a fantasia de "João e Maria". Sua interpretação de "Vida" foi sensacional, bem diferente da

Música do Dia: Tu Si' 'na Cosa Grande

Nessa manhã de descanso retiro do baú o belissimo trabalho de Zizi Possi. Há muito tempo que não escuto esse cd que conseguiu mostrar ao grande público toda a doçura e força do canto de Zizi Possi. Na mesa de som, a música mais bonita : Tu Si na Cosa Grande Tu si' 'na cosa grande per me'na cosa ca mi fà 'nnamurà'na cosa che si tu guarda a me Me ne moro accussì guardanno a teVurria sape' 'na cosa da tèPecchhè cuanno te guardo accussìSi pure tu te siente morì Nom me o dice e a nun me fai capìMa pecchèA (h) dille 'na vota solaChe pure tu stai tremmanno Dimme ca me vuò beneComm'io, comm'io, comm'io voglio bene a te Tu si' 'na cosa grande pe' me'na cosa ca tu stessa non saie'na cosa ca nun aggio avuto maie'nu bene accussì, accussì grande Tu Si' 'na Cosa Grande (Tradução) Você é uma coisa grande para mimuma coisa que me deixa apaixonadouma coisa que, se você olha pra mimposso até morrer assim, só olhando para você Qu

HISTÓRIAS INDECOROSAS

A cada livro lançado por Rubem Fonseca mais cresce minha admiração pelo autor. Seu mais recente trabalho, recupera o contista observador que através de sua lente enxerga aquilo que há de mais banal e profundo em nossa vida. Inspiração retirada do cotidiano, linguagem direta e objetiva, uma viagem sem ponto de chegada. Cotação: **** Outras Leituras: Laís Azevedo Axilas e Outras Histórias Indecorosas é o mais recente livro de contos de Rubem Fonseca, escritor considerado um dos maiores contistas brasileiros de todos os tempos. Nessa nova obra, o autor lança mão do estilo realista-brutalista que pautou sua produção na década de 1960 e 1970. Assim, a violência é trazida à tona nos contos que compõem a obra. Entretanto, ela não aparece sozinha, pois Fonseca, como um grande autor de romances de investigação, introjeta também elementos da narrativa policial em algumas histórias. E, é por isso que ele resgata uma das suas personagens que aparecem em Bufo & Spallanzani, o detetive Guedes, o

Que Pena que o Brasil não é uma nação séria!!!

"Com o estilo inconfundível e inimitável tão conhecido por seus leitores e ouvintes, Zé Simão mostra o lado mais engraçado do cotidiano do povo brasileiro em José Simão em: A Esculhambação Geral da República, que reúne mais de quinhentas piadas e análises bem-humoradas dos mais diversos assuntos da atualidade, como celebridades, política e futebol". Gosto muito do humor de José Simão. O olhar diferenciado que o jornalista tem das situações políticas no Brasil proporciona ao leitor uma nova perspectiva diante das situações abordadas. Por isso, como passatempo a obra diverte e leva o leitor a boas reflexões. Cotação: ***

Humor e Literatura

Jô Soares apresenta várias facetas. Em cada uma delas mostra seu talento e seu defeito. Como humorista antenado com o momento histórico podemos acompanhar sua história nos programas exibidos no canal Viva no auge do Viva o Gordo. Como entrevistador, Jô Soares está cada vez mais triste. São poucas as entrevistas boas que o intelectual consegue fazer. Ficou parado no tempo das piadinhas sem sentido e dos fatos insólitos das personalidades. Evito assistir suas entrevistas deprimentes. Como escritor, Jô Soares mostra sua melhor faceta. Tudo que caracteriza sua inteligência está na literatura. Humor na medida certa, trabalho de pesquisa primoroso e muita elegância, Jô prende a atenção do leitor em seu novo livro que dificilmente o leitor consegue deixar de ler. O estilo é o mesmo: assassinatos, confusões, pistas falsas, tipos sociais imperdíveis. Todos os ingredientes encontrados nas outras obras literárias de Jô. O final de ano fica bem melhor quando Jô Soares se dedica a literatura. Pena

Capitães da Areia

Entretenimento e fantasia. O resultado final do filme de Cecília Amado pode ser resumido nessas duas palavras. Dificilmente uma adaptação cinematográfica de uma obra literária consegue alcançar a magia do texto. Mas essa não é também a função do cinema. Literatura e cinema são expressões artísticas distintas. Mesmo assim, o filme de Cecília Amado consegue despertar no espectador um pouco da beleza e esperança que identificamos na trajetória desses menores abandonados. Acertos: Manter a ambientação do filme nos anos 30; trilha sonora exemplar (presença de Zéu Britto) casando com imagens e uma bonita fotografia da cidade de Salvador; a valorização do personagem Boa Vida com ótimas tiradas de humor. Problemas: Alguns personagens não tiveram suas histórias destacadas: a violência de Volta Seca (aparece quase depois de 30 minutos do filme); as contradições vividas pelo padre João José e sua aproximação com os capitães; e principalmente, a ausência da abordagem política dada por Jorge Amado

Sentimento Exposto (Erasmo Carlos)

Quando eu virei do avesso meu dentro na hora pra fora mostrou pra você todo o meu... talento Você me viu como um monstro gosmento de víceras rugas sem pelos ao vento um zumbi... nojento Foi aí porque veio a voz, da fascinação ninguém adora o feio, nem ama aberração o monstro era doce, sua verdade nua seu sentimento exposto, em carne viva e crua Você se encantou com tanta feiura gostou dos sentimentos expostos da criatura e nua no quarto se convenceu que o amor do meu avesso era melhor que o meu Sentimento exposto , sentimento, sentimento

A Sina de Djavan

O novo trabalho de Djavan é o cd do momento em meu carro. Com domínio da cena e interpretações precisas, o cd chega a superar em muito a qualidade e o repertório do anterior. Só a regravação da canção Lambada de Serpente já vale o preço do disco. É seu segundo trabalho pela Biscoito Fino. Cuidar do pé de milho que demora na semente Meu pai disse: meu filho noite fria, tempo quente Lambada de Serpente a traição me enfeitiçou Quem tem amor ausente já viveu a minha dor

Doce Melancolia

O novo disco de Chico Buarque traz toda a assinatura do artista. Momentos de intensa beleza poética, ironia com o temáticas da qual não podemos fugir como a fugacidade do tempo são enredos de canções apresentadas em seu recente trabalho. Altamente recomendado para todos que adoram uma música popular com qualidade e riqueza poética. Não é qualquer um capaz de fazer uma letra como a que posto abaixo. Se a dona se banhou Eu não estava lá Por Deus Nosso Senhor Eu não olhei Sinhá Estava lá na roça Sou de olhar ninguém Não tenho mais cobiça Nem enxergo bem Para que me pôr no tronco Para que me aleijar Eu juro a vosmecê Que nunca vi Sinhá Por que me faz tão mal Com olhos tão azuis Me benzo com o sinal Da santa cruz Eu só cheguei no açude Atrás da sabiá Olhava o arvoredo Eu não olhei Sinhá Se a dona se despiu Eu já andava além Estava na moenda Estava para Xerém Por que talhar meu corpo Eu não olhei Sinhá Para que que vosmincê Meus olhos vai furar Eu choro em iorubá Mas oro por Jesus Para que q
A leitura do romance de Cristina Norton é extremamente agradável e prende o leitor com agilidade e destreza. A história é contada por vários pontos de vistas: pelos escravos da casa do protagonista, por sua esposa, por cartas do pai (reais) traçando o maravilhoso ambiente dos primeiros anos da chegada da família real portuguesa ao Brasil. Luís Marrocos aprende a amar o Brasil diante de suas belezas naturais e sociais. Fontes históricas convive com fatos ficcionais redimensionando determinados fatos. O livro é nota 10. Vale a pena.... a abaixo mais comentários da obra: Esta história acompanha a existência de um bibliotecário viciado em remédios, Luís Joaquim dos Santos Marrocos, que vem para o Brasil, em 1811, trazendo em sua bagagem 76 caixas contendo um verdadeiro tesouro. Ele cruza o Oceano Atlântico na companhia das peças preciosas da Real Biblioteca do Palácio de Ajuda. Estes livros e documentos foram deixados para trás no atracadouro de Belém quando D. João VI deixou Portugal ao l

Hilda Hilst 2

Como se perdesse, assim te quero. Como se não te visse (favas douradas Sob um amarelo) assim te apreendo brusco Inamovível, e te respiro inteiro Um arco-íris de ar em águas profundas. Como se fosse tudo o mais me permitisses, A mim me fotografo nuns portões de ferro Ocres, altos, e eu mesma diluída e mínima No dissoluto de toda desespedida. Como se te perdesse nos trens, nas estações Ou contornando um círculo de águas Removente ave, assim te somo a mim: De redes e de anseios inundada. De uma fome de afagos, tigres baços Vêm se juntar a mim na noite oca. E eu mesma estilhaçada, prenhe de solidões Tento voltar à luz que me foi dada E sobreponho as mãos nas veludosas patas.

Hilda Hilst

Porque há desejo em mim, é tudo cintilância. Antes, o cotidiano era um pensar alturas Buscando Aquele Outro decantado Surdo à minha humana ladradura. Visgo e suor, pois nunca se faziam. Hoje, de carne e osso, laborioso, lascivo Tomas-me o corpo. E que descanso me dás Depois das lidas. Sonhei penhascos Quando havia o jardim aqui ao lado. Pensei subidas onde não havia rastros. Extasiada, fodo contigo Ao invés de ganir diante do Nada.

Um Brasil que ninguém gosta de ver

Um Brasil desconhecido pela maior parte da população. Os críticos apontam que o cinema que Cláudio Assis realiza é violento demais. Não gosto dessa afirmação. Violência é um conceito que abrange várias imagens e muitas vezes usamos a palavra para designar tudo aquilo que nos causa incomodo e desconforto. Como se viver no mundo em que vivemos, suportando as mais miséraveis condições de existência do próximo e às vezes, auxiliando na confirmação da nossa hipocrisia social não deixasse de ser formas tão abruptas e marcantes de violência. Por essas e outras coisas, o filme de Cláudio Assis está em minha galeria de produções nacionais que tem alguma coisa o que dizer. Muitos não gostam. Também não gosto de uma porção de coisas. Mas convivo com as mesmas. ****** Crítica: Daniel Levi (O Globo) Tá sentindo um cheiro estranho? É a podridão do mundo", diz um homem. "Baixio das bestas" (veja o trailer), novo filme de Claudio Assis é mais uma viagem no universo particular de seu aut

Desenrolando......

O livro apresenta com mais detalhes todas as aventuras e discussões de vida dos personagens do filme de Rosane Svartman. O filme assim como o livro ganha a simpatia dos leitores, pois tem a capacidade de prender a atenção dos adolescentes devido a sua grande aproximação de temas que permeiam essa importante fase da vida. Ótima leitura para as férias. Provavelmente vou trabalhar com esse livro em sala de aula no próximo bimestre. ****

LEITURAS PROGRAMADAS JULHO

1- O guardião de livros de Cristina Norton 2- Desenrola de Rosana Svartman 3- Fazedores de Hi stórias de Chico Anysio 4- Histórias Intimas na história do Brasil de Mary del Priori 5- Uma noite em cinco ato s de Alberto Martins 6- Obra completa de Murilo Rubião 7- Sade em Sodoma de Flávio Brito 8- Se eu fechar os olhos de Edney Silvestre

Música da Semana: Vou Acabar Ficando Nu pra chamar sua atenção

A gravação da canção abaixo realizada por Simone e Erasmo Carlos é uma das minhas preferidas e por isso é a música da semana. Com simplicidade e imagens do cotidiano, Erasmo e Roberto mostram por que são os melhores compositores nacionais. Ouça Todas as vezes que você passa e nem me vê Fico pensando no que eu faria pra ter você Pra ter você de qualquer forma De qualquer jeito, qualquer maneira Você nem sabe que eu estou ficando infeliz Não posso mais guardar comigo os versos que eu já fiz Pra lhe dizer do meu amor Também fui eu quem lhe mandou aquela flor Vivo fazendo milhões de coisas Qualquer loucura pra ter você E os dias passam correndo vou acabar lhe perdendo Preciso descobrir um jeito De chamar sua atenção O meu melhor sorriso eu dei você não viu Gritei seu nome mas nem assim você me ouviu Por mais que eu faça não adianta Você nem nota minha existência E os dias passam correndo e de esperar vou morrendo Vou acabar ficando nu pra chamar sua atenção Vou acabar ficando nu pra chama

Memória: Anne Frank

As grandes tragédias sempre deixam lições inesqueciveis. A leitura da obra "O Diário de Anne Frank" nos dias atuais consegue ainda emocionar e colocar em discussão essa imensa vontade que os homens possuem de destruir tudo o que está em sua volta, sempre com um motivo que tenta consolidar todas as atrocidades. Anne revela imagens do Holocausto. Hoje, ao ler emocionado as páginas dessa garota adulta, vejo outras imagens, que estão bem próximas de mim.

Encantadora

A música de Corinne Bailey é encantadora. Começo o feriado passeando pelas ruas da cidade ouvindo sua voz doce e harmoniosa. Lindo demais da conta.

Qualquer tipo de amor vale a pena

O filme de Aluizio Abranches aborda com sensibilidade e leveza essa história de amor. O filme pode causar estranhamento por causa do enredo, mas de uma maneira geral, agrada pela abordagem que se afasta de outras temáticas que abordam as relações homoafetivas, quase sempre cheias de estereótipos e tipos estranhos. Trilha sonora redonda que encaixa nos momentos certos. Falta um pouco de ação, mas isso não atrapalha o filme. Veja. ***

O dia da poesia de Vinicius

A Poesia moderna e singela de Vinicius de Moraes pode ser encontrada em todas suas nuances nessa antologia reunida pela Companhia das Letras. Encontramos vários momentos de Vinicius. Desde a poesia mística até a social, somos convidados a participar de uma grande viagem pelo mundo da sensibilidade e da beleza de cada dia. O poeta da paixão soube mais do que ninguém traduzir os sentimentos mais íntimos que o ser humano pode ter, através de seus versos que nos levam a porta de entrada do mundo da fantasia. Demais. ****

Muitos Perdidos nas noites do Brasil

Adaptar textos de Plínio Marcos é um desafio. Sua força, densidade, ambientes densos e uma violência exacerbada são características do teatro de Plínio e por isso, toda a polêmica envolvendo sua obra. Mesmo assim, José Jofilli realiza um bom filme que atualiza a narrativa de Plínio. Um pouco diferente da peça de teatro, o conflito entre dois homens são substituídos por um casal. Muda o espaço (Rio de Janeiro para Nova York, denunciando a "ilusão" de que a vida nos EUA seria melhor), muda os comportamentos, mas a essência do texto, de certa maneira, persiste. Trabalho eficiente de Roberto Bomtempo e Debora Falabella supera todas as expectativas. Vale a pena assistir. *** Informações extras (site de literatura) A peça é inspirada no conto O terror de Roma, do italiano Alberto Moravia . Paco e Tonho dividem um quarto em uma hospedaria barata e durante o dia trabalham no mercado, como carregadores. As personagens mantêm uma relação conflituosa, e sempre estão discutindo

Noite Inesquecível

Da extensa discografia de Caetano Veloso a homenagem realizada a Frederico Felline e sua esposa Giulieta é, na minha opinião, seu trabalho mais vigoroso e intenso. Conheço toda a obra de Caetano (canções, ideias, narrativas)e isso me permite afirmar a beleza e a grandiosidade desse disco. 19 faixas que realizam um passeio pelo universo musical de Caetano e as reminiscências que Felline, com suas obras primas, encantava o garoto de Santo Amaro. Do início ao fim, o disco é sensacional. Não vou citar o nome de nenhuma canção de destaque, pois vejo no roteiro do show apresentado em praça pública, a narrativa emocionada de amor que os súditos por ventura fazem de seus ídolos. ****** Abaixo um comentário de Caetano Veloso sobre seu disco Eu estava em Nova Iorque mixando “Circuladô” quando recebi a carta de Maddalena Fellini me sugerindo, em nome da Fondazione Fellini, que eu fizesse uma apresentação em Rimini em homenagem a Federico e Giulietta. A irmã de Federico me contava que Giulietta ch

O Mito e a Censura

Sem dúvida nenhuma a peça "O Berço do Herói" de Dias Gomes nos apresenta ainda hoje questões atuais que estão presentes no nosso cotidiano. O curioso é que ao conhecer os bastidores da peça, somos convidados a conhecer de perto os mecanismos de poder e de censura que existia no Brasil nos anos 60. Uma narrativa que coloca em questão a honra e a história do exército brasileiro mostrando a imensa atuação política por trás de suas verdadeiras intenções. Leitura recomendada de alto nível. Lembrando que a peça, escrita em 1964, só foi encenada pela primeira vez nos Estados Unidos em 1983. No Brasil, tivemos poucas encenações. Aliais, Dias Gomes se recusava a aceitar a montagem desse texto. O fato é que na tentativa de enganar os censores, Dias Gomes usou o argumento central da peça e os principais personagens é produziu aquela que foi sem dúvida nenhuma uma das melhores novelas que já foi exibida no Brasil: Roque Santeiro.

Poesia Semana

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. O Tejo tem grandes navios E navega nele ainda, Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, A memória das naus. O Tejo desce de Espanha E o Tejo entra no mar em Portugal. Toda a gente sabe isso. Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia E para onde ele vai E donde ele vem. E por isso porque pertence a menos gente, É mais livre e maior o rio da minha aldeia. Pelo Tejo vai-se para o Mundo. Para além do Tejo há a América E a fortuna daqueles que a encontram. Ninguém nunca pensou no que há para além Do rio da minha aldeia. O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. Quem está ao pé dele está só ao pé dele. Alberto Caeiro