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Mostrando postagens de junho, 2010

Sociedade e Literatura

A literatura cumpriu a tarefa de investigar e refletir sobre as transformações sociais e políticas que ocorreram no Brasil no século XIX e no início do século XX. E o papel social do romancista e do sociólogo só se diferencia a partir da institucionalização das ciências sociais no país, ocorrido somente no século XX. Dessa maneira, uma parte da produção literária brasileira, depois da independência, assumiu o compromisso de refletir sobre a nação e suas principais características. A literatura assumiu um papel fundamental na construção de uma consciência nacional. A afirmação da identidade nacional perpassava a produção literária encontrando nas diversas tendências reflexões acerca das características da nação brasileira. Seja nas poesias românticas de Gonçalves Dias e Castro Alves, no retrato idealizado presente nas obras de José de Alencar e Joaquim Manuel de Macedo e até na obra reflexiva de Machado de Assis, a literatura era responsável, de uma maneira ou de outra, pela formação de

Maria Minha

Maria minha ( Targino Gondim e Eliezer Setton ) Maria minha Sai dessa cozinha, o café pode esperar Vem ficar na rede que eu armei pra nós se amar Vem se balançar Brincar de vai-e-vem Maria minha Vem que eu tô disposto a te fazer feliz Vem que eu faço gosto como sempre fiz Vem, minha rainha Diz que eu sou seu rei Vem, vida minha Em minha vida vem reinar Vontade minha É vontade de te agradar E como o fim da linha nem sempre é ponto final O amor de todo dia é o mesmo sem ser igual Também com tanto dengo , com tanto chamego Te peço, Maria minha, não me dê sossego ficha técnica da faixa: voz e violão: Gilberto Gil

Pura Festa de Junho

Com criatividade e humor o novo disco de Gilberto Gil agrada e muito. As 13 canções do artista são maravilhosas. Arranjos, instrumental , sua voz, tudo cadenciado de maneira simples e divertida. Que bom acompanhar uma retomada sem rigidez do artista depois de ficar um bom tempo no ministério da cultura. Segundo Mauro Ferreira: "A fé nos sons das festas de junho parece ter feito Gilberto Gil pôr fé na própria arte da composição. Nas lojas a partir desta terça-feira, 1º de junho de 2010, Fé na Festa é o melhor disco de inéditas do artista baiano desde Dia Dorim Noite Neon (1985). A qualidade exemplar dos xotes , xaxados , toadas e baiões compostos para Fé na Festa dá vigor ao álbum e revitaliza a obra de Gil, até então mais voltada para projetos retrospectivos e para tributos a ícones como Bob Marley (1945 - 1981) e Luiz Gonzaga (1912 - 1989). A alma e a rítmica nordestina do Rei do Baião, a propósito, se insinuam no CD sem impor tom saudosista a Fé na Festa. Ao contrário

Deveria ser melhor

O novo disco de Ney Matogrosso poderia ser melhor. Com encarte luxuoso e uma mudança brusca no time de músicos, Ney recria algumas canções que fazem parte há muito tempo de seu imaginário emocional. Não sei se é por que o impacto do disco anterior Inclassificáveis , que trouxe um artista corajoso, arrojado e cada vez inovador, Ney realiza um trabalho muito próximo daquele realizado nos anos 80, com Rafael Rabelo e Artur Moreira Lima. Destaque para duas gravações: Tango de Teresa ( impressionante e definitivo); Bicho de sete cabeças (o melhor momento do disco); De cigarro e cigarro (muito humor). As gravações de Fascinação, Segredo, Nada por mim, mulher sem razão são dispensáveis. No palco Ney é soberbo e seu novo show segue a risca o roteiro do novo disco. **

Dias e Dias

A literatura de Ana Miranda é de um primor e delicadeza extrema. Em sua solidão e distante dos grandes centros, a escritora realiza um mergulho sentimental na vida e obra de Gonçalves Dias. Seu romance Dias e Dias aborda de forma ficcionalizada aspectos da vida do autor romântico e conduz o leitor a ambientes especiais. Capítulos curtos, cada um com um título enxuga o discurso e dá a sensação de que estamos acompanhando um álbum de fotografias. O texto é narrado por Feliciana, uma moça apaixonadíssima pelo poeta e que tem como única sensação e destino da vida esperar o momento em que o poeta vai perceber que existe alguém que o ama com tanta intensidade. Ótimo.

Saramago

A morte de José Saramago deixa aberta uma lacuna que dificilmente será preenchida por outro escritor. Não falo apenas do escritor intenso e profundo que era, mas lamento muito a morte de um grande intelectual que soube através de suas obras denunciar todas as mazelas de uma sociedade marcada pelo preconceito, ódio, mentira e solidão. Neste ano, realizei a leitura de duas obras "Caim" (seu último livro que aborda a temática biblíca de uma forma polêmica, colocando a figura de Deus na berlinda) e "Interminitências da Morte" que até agora não consegui ler o final do livro pois não acho que estou preparado para ler o final dessa narrativa fantástica. O conjunto da obra imortaliza Saramago.

Resgate Histórico Imperdível

Finalizo a leitura desse importante livro de Laurentino Gomes. É impressionante a maneira como o historiador registra todos os bastidores que antecedera a fuga da família real ao Brasil e suas implicações políticas, sociais e econômicas para a colônia. Destaque para os capítulos que registram os bastidores da viagem, o choque do encontro entre a corte e a população do Rio de Janeiro e é imperdivel a construção do cotidiano que o autor faz da cidade maravilhosa. Trechos: "O Brasil foi descoberto em 1500, mas, de verdade, só foi inventado como país em 1808. Até então, o Brasil não existia". Em 1807, era apenas uma grande fazenda, de onde Portugal tirava produtos que levava embora. As diferentes províncias eram relativamente autônomas. Não havia comércio, nem estradas, meios de comunicação, nem, praticamente, contato entre elas". O livro proporciona uma visão ampla acerca de todo o período histórico além de convidar o leitor a realizar um passeio maravilhoso e divertido no

Havana-me

Começo meu domingo assistindo ao primoroso encontro de duas damas da canção. Omara Portuondo e Maria Bethânia realizaram uma série de 20 shows no Brasil em 2008. Com muito humor e profissionalismo, levam ao palco um mosaico de sentimentos e um panorama geral sobre a ligação entre a música brasileira e a cubana. O cenário de Grinco Cardia é um show e segue as orientações músicais do roteiro. Bethânia apresenta canções de sucesso com novos arranjos ( Negue, A Bahia te espera ), passeia de uma maneira suave por Caymmi ( Doce ) e brinca com Escandalosa . Omara é uma dama da canção e apresenta dramaticidade impressionante ao visitar clássicos cubanos como ( Vinte anos, Mil Congojas ) e brincar no palco em Lacho . No último bloco do show, as duas dividem o palco e destilam emoção atrás de emoção. Beleza rara. Destaque especial para a canção Para cantarle a mi amor.

Emoção

Surpresa agradável assistir a adaptação da peça de Bosco Brasil realizada por Daniel Filho. Um filme arrebatador do inicio ao fim, realizando um painel social e político de um período marcante da história do Brasil. O enredo é esse: "Em abril de 1945 os combates da 2º Guerra Mundial já cessavam na Europa, mas o Brasil ainda estava tecnicamente em guerra. Nesse contexto, A história narra a batalha travada entre o imigrante polonês Clawsenvitz (Dan Stulbach) e Segismundo (Tony Ramos), chefe da imigração na Alfândega do Rio de Janeiro. Isso acontece por que o fim da Guerra é o que tira a paz de Segismundo. Ele teme a vingança de seus ex-prisioneiros. E o chefe da imigração na Alfândega do Rio de Janeiro Segismundo é quem decide quem entra ou não no país. O imigrante tem que usar todo o seu talento de ator para provar que não é um seguidor de Hitler. Assim, a obra retrata um período crítico da história brasileira e fala principalmente da luta pela vida. " (net) Depois de assistir

Mané Fogueteiro

Mané Fogueteiro era o rei das crianças Na vila distante de Três Corações Nos dias de festas fazia rodinhas Soltava foguetes, soltava balões Mané Fogueteiro gostava da Rosa Cabocla mais linda este mundo não tem Porém o pior é que o Zé Boticário Gostava um bocado da Rosa também Um dia encontraram Mané Fogueteiro De olhos vidrados, de bruços no chão Um tiro certeiro varara-lhe o peito Na volta da festa de Juca Romão E como os que morrem de um tiro conservam A última cena nos olhos sem luz Um claro foguete de lágrimas frias Alguém viu brilhando em seus olhos azuis Um claro foguete de lágrimas frias Alguém viu brilhando em seus olhos azuis Compositor: Braguinha

Impossível deixar de ler

O trabalho de Benjamim Moser sobre a vida e obra de Clarice Lispector é um daqueles trabalhos antológicos e entra sem dúvida nenhuma na lista das obras primas. Tem uns 2 dias que não consigo parar de ler a extensa obra (561 páginas). O autor, através de depoimentos de amigos e da análise particularizada de cada obra da autora, reconstrói o perfil de uma mulher enigmática, a frente do seu tempo, para quem a experiência de viver, era inadmissível e incompreensivo. Sua literatura é uma extensão de sua necessidade de enfrentar todos os problemas físicos, emocionais ou financeiros, cujo resultado final lhe traria momentos raros de descanso. A seguir o comentário de alguns capítulos: O último capítulo da biografia (Nossa senhora da boa morte) mostra os últimos meses da vida de Clarice e a influência que estes tiveram na elaboração de seu último livro "A Hora da Estrela" (meu eterno livro de cabeceira). Clarice e Macabéa são as mesmas pessoas. A incapacidade de ser alguém e de inte

Música do Dia: De Um Jeito Diferente

Do jeito que sonhei O céu, o mar talvez... O meu olhar distante Então eu me encontrei tão perto Que sonhei o amor naquele instante Senti meu coração cantando a emoção Descompassadamente Teu nome escrevi Nas notas da canção de um jeito diferente Os versos que inventei Te juro, eu não sei Deixei não sei aonde Na pressa de encontrar O verde do olhar, te navegar mais longe Em forma de canção Te dar meu coração Do jeito que sonhei O céu perto de mim Tu és o meu amor Te amo! A canção foi composta por João Donato e Lysias Ênio e foi gravada por Emílio Santiago em seu último disco.

Que Guerra é essa?

Não gosto do cinema feito por Jorge Fernando. Os cenários são bonitos e grandiosos. A trilha sonora é apropriada para o enredo.Mas falta alguma coisa de interessante e consistência no roteiro de seus filmes, que deixa a impressão de ser um apanhado de piadas remendadas sem qualquer tipo de ligação entre si, embora o diretor e roteirista tenta realizar essa ligação. A Guerra dos Rocha poderia ter um resultado melhor. **

O Bolero de Leny Andrade

O novo disco de Leny Andrade recria uma seleção maravilhosa de boleros. E apesar do risco de cair nas grandes melodias ou no repertório previsível, a cantora Leny Andrade e o produtor Fernando Merlino enxugam os arranjos e deixa em evidencia a beleza da voz da interprete e seu maravilhoso espanhol. Como aponta Mauro Ferreira "o piano ano Merlino sobressai em alguns registros, em especial no de Entonces (Arturo Castro), faixa de clima meio esfumaçado cuja introdução dispõe as cordas de forma inusitada em discos do gênero. Já Una Mañana é bolero temperado com leve molho cubano. Com a voz em forma, a intérprete acerta o tom exato de temas como Sabra Díos (Alvaro Carrillo), Vete de mi (Virgilio Expósito e Homero Expósito), Como Fue (Ernesto Duarte), Mía (Armando Manzanero), Nosotros (Pedro Junco) e Te me Olvidas (Vicente Garrido)". Leny Andrade apresenta um trabalho digno de sua carreira vitoriosa. *****

Engraçadinha

Nelson Rodrigues é sensacional. A adaptação do folhetim escrito em 1959 realizada pela TV Globo consegue manter com maestria todo o espírito rodrigueano e com doses de humor e "malandragem" apresenta um Brasil distante dos holofotes e dos noticiários. Personagens hilários desfilam diante dos dilemas da personagem principal; a caracterização que Paulo Betti faz do juiz Odorico é demais. As frases sintomáticas de Nelson realçam o drama nos revelando no fundo, no fundo, tudo o que de certa maneira gostaríamos de dizer acerca das nossas mais "harmoniosas" instituições sociais. O livro de Nelson contém a mesma "pegada" dos contos da "Vida como ela é", mas no romance temos de uma maneira mais detalhada toda a ironia e mergulho no retrato dos personagens. Ótimo programa para um fim de semana prolongado.*****

Contos Biblicos

A coletânea apresentada na respectiva obra é de uma beleza singular. Contos que abordam vários aspectos de diversas passagens da biblía sagrada. Machado de Assis, Eça de Queiroz, Dostoiévsky, Balzac, Euclides da Cunha narram aspectos distintos da vida de Jesus com poesia e sensibilidade. Impressionante é a sensação ao realizar a leitura do conto A chuva de fogo de Leopoldo Lugones. Há muito tempo não lia um texto tão denso e impressionista do que esse. As imagens são apresentadas como se estivessemos numa tela de cinema e nos surpreendêssemos a cada instante com as belas descrições sobre a chuva que anunciaria o apocalipse. Beleza magistral. Leitura recomendada. *****