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Mostrando postagens de janeiro, 2010

O Signo da Cidade

O Brasil retratado no filme de Carlos Alberto Ricelli é o que mais se aproxima da minha concepção acerca do meu país, da minha cidade. Por isso, gostei tanto do filme O signo da cidade. Não é um filme alegre, ao contrário, as histórias que giram em torno de problemas da sociedade moderna, como a inadaptação de indivíduos e grupos sociais , infidelidade conjugal, fracasso profissional, tempo perdido, suicídio dentre outros. A fotografia revela a cidade de São Paulo por uma perspectiva poucas vezes apresentada. O lado noturno e abandonado da grande metrópole está colada na face e no corpo dos personagens. O filme emociona e proporciona ao final uma reflexão sobre alguns aspectos da nossa vida. Boa pedida para o final de semana. ****

Homens de Cinza

Tive uma grata surpresa ao realizar a leitura desse livro de contos de Gabriel Chalita. As narrativas giram em torno de personagens masculinos e seus principais dilemas. Tudo apresentado de uma forma direta e objetiva. Em todos os contos, a temática da solidão e do medo de não alcançar nossos sonhos e desejos são perceptíveis na vida dos personagens. Isso faz com que o leitor se aproxime cada vez da história e torça pelo sucesso dos personagens (delicados, desiludidos). Para o autor, a cor cinza tem a capacidade de ser um elemento de ligação entre os mais diversos tipos de sentimento e por isso é utilizada de uma maneira tão assertiva. Por isso, a cinza é a metáfora do que se esconde em homens diferentes. Segundo Gabriel, o ser humano é genial pela complexidade de sua razão e pela fragilidade com que às vezes encara essa complexidade. As narrativas da obra proporcionam ao leitor a sensação de que não estamos sozinhos no mundo e que devemos, na medida do possível, lutar cada vez mais po

O Realismo trágico de Ana Maia

O Realismo sem retoques de Ana Paula Maia conduz o leitor a um universo trágico e amargo que infelizmente uma parte significativa da população brasileira ainda vive. A narrativa enfoca a trajetória de personagens solitários, fracassados, que encontram na exarcebação da violência (física ou simbólica), o único motivo de sua existência. A obra prende a atenção do leitor do início ao fim (realizei a leitura em um único dia), sem tempo de tomar fôlego diante das situações dramáticas. Duas novelas são apresentadas: a primeira "Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos" revela a vida de dois personagens que trabalham em um abatedor clandestino de porcos. Durante esse trabalho, revelam seus desejos e inquietações. A violência não é banalizada, pois ela está incorporada na vida de Edgar Wilson (apaixonado; sonho em se casar com Rosemery ) e na de Gerson . Por isso, as cenas desse primeiro texto assustam pela descrição impressionista da autora. Sem finais felizes, como a maior

Irmãos de Sangue

O documentário de Angela Patrícia realiza uma espécie de inventário emocional sobre a vida e a carreira de três grandes brasileiros. Muita coisa em comum: irmãos, artistas, hemofílicos e uma grande vontade em transformar o Brasil numa grande nação. As novas gerações precisam conhecer a trajetória de vida desses homens que contribuíram "cada um a sua maneira,para as principais transformações pelas quais passou o povo brasileiro" no período em que viveram. O filme ganhou mais de 15 prêmios no Brasil e no exterior e segue a linha geral dos documentários. Entrevistas com amigos, parentes, imagens de arquivo conduz o telespectador numa espécie de mosaico que vai se desvendando aos poucos. Informações gerais são encontradas no site oficial http://www.3irmaosdesangue.com.br/ . (*****)

Cauby Peixoto canta Roberto Carlos

Dois motivos para o sucesso do novo disco de Cauby Peixoto. Primeiro, ao cantar as canções de Roberto e Erasmo Carlos, o interprete deixa de lado as firulas e os arroubos dramáticos oferecendo elegância, sofisticação e principalmente valorizando ainda mais as imagens apresentadas nas canções de Roberto. Segundo ponto, essa interpretação proporciona ao ouvinte a sensação de assistir a um grande filme de amor. Com momentos felizes, tristes, emocionante e intenso. Não indico nenhuma canção em especial, pois vejo o cd como um conjunto coeso impossível de delimitar minhas canções preferidas. Cauby , aos 76 anos, proporciona a música popular brasileira, a possibilidade de poder encontrar nas canções de Roberto e Erasmo, ainda imagens que outros cantores não foram capazes de apresentar nas mais diversas gravações de suas canções. *****

Leituras Programadas Fevereiro

1- Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos de Ana Paula Maia 2- Homens de cinza de Gabriel Chalita 3- A Cidade Ilhada de Milton Hatoum 4- Cabeças de segunda feira de Ignácio Loyola Brandão 5- Quem é Capitu? (Ensaios diversos)

Agosto de Rubem Fonseca

Será que através da ficção podemos compreender os bastidores de determinados fatos históricos? Que tipo de relação existe entre literatura e sociedade? Esse blog foi criado com essa intenção. Discutir as possibilidades diversas desse encontro de duas formas de conhecimento. A leitura do romance de Rubem Fonseca ajuda a compreender e responder algumas destas questões. A primeira, somos convidados a participar dos bastidores da investigação do assassinato de um importante industrial que acontece no mês de agosto de 1954. Um mês complicado para a história brasileira. Através das investigações do comissário Alberto Mattos, percebemos a falta de escrúpulos de algumas instituições sociais: corrupção policial, favorecimento ilícito, nepotismo, o Estado patrimonialista servindo de interesses a um pequeno grupo. Paralela a essa investigação, o narrador aborda todo o processo que culminou no suicídio de Getúlio Vargas, mesclando personagens reais com ficcionais. Todos os nomes importantes como o

Benjamim

O filme de Monique Gardenberg é inspirado na respectiva obra de Chico Buarque. A surpresa é que, dessa vez, temos um filme tão bom quanto o livro. O filme é primoroso em vários momentos. Primeiro, a trilha sonora aborda estilos musicais distintos que ajudam a caracterizar os diversos períodos da narrativa. Segundo, o recurso da diretora em mesclar imagens do passado com a do presente, proporciona ao público, perspectivas distintas das ações. Terceiro, a fotografia precisa de Marcelo Durst embeleza o filme (A cidade do Rio de Janeiro está mais linda do que nunca). Paulo José excelente. Mas a presença de Cléo Pires é impressionante. Nunca prestei muita atenção nessa atriz. A chamo de atriz agora, depois de assistir ao filme. Metade da beleza do texto vem de sua atuação. Lindíssima e sensual no momento que precisa ser e amarga e solitária quando é necessário. A lembrança de um grande amor e a possibilidade de re (encontrá-lo ) é o tema geral do filme. Excelente. *****

Cleópatra

Não gostei muito do filme de Júlio Bressane. Apesar de visualizar as marcas do seu cinema na narrativa, senti falta de ação e uma melhor atuação por parte dos atores. O filme foi vencedor do festival de cinema de Brasília em 2007. **

Dalva de Oliveira e Herivelto Martins

O livro de Pery Ribeiro sobre sua mãe (Dalva de Oliveira) e seu pai (Herivelto Martins) é sensacional. Não é uma biografia tradicional.Por isso, a obra possui uma conotação sentimental que dificilmente encontramos em outras biografias. Por causa disso,a leitura do livro é prazerosa. Não é qualquer um que teve a felicidade e oportunidade de ter a vida que Pery teve. Mas nem tudo traz boas recordações. As memórias de Pery revelam bastidores da música brasileira: do xixi na cama de Carmem Miranda a vida desregrada de Nelson Gonçalves (amigo de seus pais),passando pelos corredores e auditórios da Rádio Nacional as investidas internacionais de Dalva de Oliveira. O livro preserva a memória de dois grandes personagens da nossa música e contribui para que as novas gerações possam conhecer a importância e a força de vida que esses artistas foram capazes de transmitir através de suas canções. *****

Leituras Programadas

1- Leite Derramado de Chico Buarque 2- Caim de José Saramago 3- Interminitências da Morte de José Saramago 4- Minhas Duas Estrelas de Pery Ribeiro 5- Agosto de Rubem Fonseca

Filmes da Semana (Cotação)

O filme de Hugo Giorgetti deve ser visto apenas por um motivo. A discussão proporcionada por um dos personagens sobre a exploração comercial da cultura em uma sociedade moderna. As indiçações sobre indústria cultural são mediadas através de frases engraçadas e uma fina ironia. Confira. ***

Cinema: Personal Che

O Documentário de Douglas Duarte e Adriana Marino é muito interessante. As mútiplas personalidades de Che Guevara são apresentadas ao espectador sem medo de retoques. Você encontra o Che revolucionário, o assassino, o galanteador e até o místico, que realiza milagres. O filme apresenta depoimentos de populares que tem a figura de Che como um salvador e realiza o confronto com depoimentos de especialistas e biográfos do líder argentino. Cenas marcantes como a do cadáver de Che (a primeira vez que o taxista cubano vê cena é desoladora) e a discussão na rua de Miami entre americanos sobre a importancia do guerrilheiro já vale o preço do dvd. O documentário contribui muito mais para entender as raízes da construção de uma mitologia sobre a figura de Che Guevara em todo o mundo do que as recentes produções cinematográficas que aborda sua vida. *****

Sarau de Poesia: Hilda Hilst

Cantares do Sem Nome Que este amor não me cegue nem me siga. E de mim mesma nunca se aperceba. Que me exclua do estar sendo perseguida E do tormento De só por ele me saber estar sendo. Que o olhar não perca nas tulipas Pois formas tão perfeitas de beleza Vêm do fulgor da trevas. E o meu Senhor habita o rutilante escuro De um suposto de heras em alto muro. Que este amor só me faça descontente E farta de fadigas. E de fragilidades tantas Eu me faça pequena. E diminuta e tenra Como só soem ser aranhas e formigas. Que este amor só meveja de partida.

Filme: Querô

O texto de Plinio Marcas ganha beleza e densidade na adptação que Carlos Cortez realiza do texto "Uma reportagem maldita" escrita pelo autor de Navalha da Carne em 1976. Abordando o trágico assunto do menor abandonado, o filme sensibiliza o espectador que torce a todo instante pelo personagem principal, que merece uma chance de ser feliz. O filme proporciona uma triste reflexão: um país que não proporciona as suas crianças, instituições sociais seguras e comprometidas com o seu bem estar social não deve ser levado a sério. Dimenstein afirma que o filme indica que " a questão não é o jovem delinquente e carente, e sim a falta de oportunidade". É o filme que melhor aborda a questão do menor abandonado no Brasil nos últimos anos do cinema nacional. *****

Quem Matou Vargas?

Os bastidores da história do Brasil nunca serão os mesmos depois da leitura desse livro de Carlos Heitor Cony. O jornalista realiza uma panorama político, social do país governado por Getúlio Vargas e suas várias implicações. O romance histórico conduz a narrativa a partir de flash back distintos que inserem os personagens em diversos momentos de sua trajetória. A obra foi publicada em 1967 em artigos semanais publicados na revista Manchete e revela um importante trabalho de pesquisa, documentação e entrevista do autor. Os pontos altos do livro são os momentos em que Cony, apropia-se da técnica literária, e através dela, apresenta os pensamentos e questionamentos de Vargas diante das situações vividas. O autor demonstra simpatia pelo presidente e mostra cotidiano de um homem solitário, que no fundo, não tinha a menor condição de conduzir o Brasil naquele momento, mas que mesmo assim, eleito pelo povo, via como uma espécie de "missão" ou "redenção" sua volta ao poder

Dica de DVD

O Cheiro do Ralo não é um filme convencional. Provocativo, com diálogos intensos e irônicos, o filme aborda o tema da solidão, como poucas vezes vi no cinema. A trilha sonora é um dos pontos positivos da trama dirigida por Heitor Dhalia. Informações podem ser vistas no site oficial do filme www.ocheirodoralo.com.br . Nos blogs que discutem o filme, muitas pessoas procuram interpretar qual o sentido da metafóra atribuída ao "cheiro do ralo" que sai do banheiro do personagem Lourenço. Acredito que, apesar do personagem apresentar uma certa paranoia em relação a sua realidade, " o cheiro do ralo" pode ser entendido como uma reprodução das imagens que diariamente somos confrontados a ver no cotidiano e que, por motivos diversos, não prestamos atenção para não alterar o rumo das coisas. Pode ser isso. Como pedida de final de semana, o filme é nota 10. Se você adora filme americano (começo, meio e fim) com todos os arquétipos narrativos, provavelmente você não gostará do
Nana Caymmi é uma das principais cantoras do Brasil. Sua elegância, postura, voz, a transformou numa interprete singular. E essa singularidade está de volta em seu novo trabalho, produzido mais uma vez por José Milton. O cd que foi lançado em abril de 2009 já alcança 20 mil cópias vendidas. Os arranjos "abolerados" predominam nas canções e isso resulta em um grande charme. A voz de Nana cada vez mais forte saboreia cada letra e conduz através do seu canto o ouvinte a visualizar como se estivesse em um cinema, as ideias das letras. Gosto de todas as canções, mas tenho um carinho especial por dois momentos: A canção Violão (Sueli Costa e Paulo César Pinheiro) fecha o disco de uma forma arrebatadora e Esmeraldas (Rosa Passos e Fernando Oliveira) com versos simples e sofisticados falam de um amor impossivel como poucos que existem por aí. Sem Poupar o coração do ouvinte o novo cd de Nana Caymmi é imperdivel. *****

O Imáginário Cotidiano

Moacyr Scliar mostra em sua obra "O Imaginário Cotidiano" um conjunto de textos imperdiveis. Temos na obra, um conjunto das crônicas que o jornalista escreveu para a Folha de São Paulo, tendo como ponto de partida, notícias veiculadas no caderno Cotidiano do importante jornal. A escrita moderna, ágil e simples do autor proporciona momentos de diversão e reflexão. Um ótimo programa de leitura para as férias. O livro me inspirou tanto que vou adotá-lo como leitura obrigatória para meus alunos do 1 ano do ensino médio. Leitura imperdivel. *****

O Som e a Vida de Simonal

Wilson Simonal foi nos anos 60 um dos principais nomes da música popular brasileira. Sua figura extrovertida e polêmica é retratada sem receios nessa biografia escrita por Ricardo Alexandre. O autor pesquisou durante 10 anos a vida do cantor e realizou várias entrevistas com personalidades que viveram com Simonal. Estão no livro os principais momentos do cantor: sua infância pobre, suas paixões por carros e mulheres, os bastidores dos shows na televisão. Mas sem dúvida nenhuma um dos momentos marcantes é o relato particular do envolvimento do cantor com os mecanismos de repressão do regime militar. Uma aula de história do Brasil e dos bastidores do DOPS nos é revelada por Ricardo Alexandre, mostrando, na minha visão, a ingenuidade do cantor que tenta colar a sua imagem popular com o momento político do país. Resultado: ostracismo, abandono, injustiça. A biografia, além de recuperar a memória desse músico extraordinário, permite ao leitor pensar sobre outros assuntos, dentre eles, o pap
A leitura do novo livro de Rubem Fonseca é intensa e arrebatadora. Com uma linguagem dinâmica, frases curtas e economia nas descrições, apresenta uma narrativa que envolve o leitor e revela ao longo de suas ações várias surpresas. No início tive a impressão de que o autor estava novamente repetindo ideias que já estavam presentes em suas últimas obras. Na verdade, o novo romance revela outros perfis do personagem símbolo do autor: o especialista. A violência urbana e a insatisfação do homem no mundo moderno são inseridas com uma forte dose de ironia e sofisticação. Vale a pena conferir. ****

Bibi Ferreira canta Edith Piaf

Bibi Ferreira apresenta nesse cd os melhores momentos do show onde homenageia uma das maiores cantoras do mundo: Edith Piaf. Com talento e afinação, Bibi emociona a cada canção e apresenta toda a grandiosidade da cantora francesa. Imperdivel sua gravação de L `Accordeioniste. Aos 84 anos, Bibi mostra segurança e afinação. Não é fácil cantar Piaf, mas Bibi canta com maestria e elegancia. *****

Dica da Semana: Cinema

O filme dirigido por Walter Salles é impressionante. Insipirado no livro de Ismail Kadaré é um dos raros momentos em que obra literária e cinema podem estabelecer um diálogo profícuo e emocionante. O trabalho dos atores e a fotografia majestosa dão o tom de grandiosidade do filme. O sertão apresentado nos remete as imagens descritas por Euclides da Cunha e Graciliano Ramos. O filme retrata a guerra entre duas famílias (Breves e Pontes) que disputam terras na região onde vivem. Uma guerra que já faz parte da tradição das famílias. Entretanto, uma pequena criança começa a questionar os motivos dessa rixa antiga, proporcionado as famílias uma revisão de sua história. ****
Nesse recesso realizei a leitura de várias obras literárias. A primeira leitura foi a de um romance reportagem interessantissimo chamado O Beijo da Morte do jornalista Carlos Heitor Cony. Um trabalho de pesquisa que revela os bastidores acerca da morte de três personalidades políticas importantes do Brasil: JK, João Golulart e Carlos Lacerda. O livro realiza uma investigação sobre as circunstâncias misteriosas da morte desses políticos que no ano seguinte (1978) já teriam seus direitos políticos concedidos e poderiam assim, participar do processo de abertura democrática que estava acontecendo, de forma "lenta e gradual" pelo governo militar. Essa investigação defende a tese de que os três lideres políticos foram assassinados pelo governo, através da "Operação Condor" realizada pelos países da América do Sul que estavam no poder dos militares. O texto apresenta reportagens da época, depoimentos dos envolvidos, aponta falhas na investigação. Essas idéias são apresenta

Sociedade e Literatura

Este blog pretende discutir ao longo do ano de 2010 as principais implicações desse campo de estudo da sociologia que estuda as obras literárias como fonte de representação da sociedade. AVALIAÇÕES; **: RUIM ***: BOM ****: ÓTIMO *****: IMPÉRDIVEL