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Um passeio pelas ruas do Brasil

  A sensação é angustiante. A sensação que tive ao ler a nova obra de Chico Buarque foi de profunda desesperança e solidão. Por coincidência, estive em julho dez dias na cidade do Rio de Janeiro. Precisamente em Copacabana. Todos os contos do livro tem como cenário o cartão postal do país. Entretanto, esse cartão postal não é o oficial, o que revela toda a beleza do lugar. O que temos na obra é o lado B. As fissuras de um projeto de modernidade que não deu certo. Toda a desigualdade do nosso país, colocada sem adjetivos, sem possibilidade de mudança. Não precisava ser assim. 
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Podia ser diferente

Termino a leitura da biografia de Jô Soares com certa decepção. O que temos é um amontoado de histórias e conversas sobre passagens importantes da memória do humorista brasileiro. O que eu queria de uma biografia autorizada também? Uma boa parte desses bastidores já foram explorados em seus programas inúmeras vezes. Cauteloso com a sua intimidade e sem apontar dedo para ninguém, traça um panorama leve de suas recordações. Vale a leitura principalmente ao apontar as contradições e imagens da ditadura militar e todo o processo de repressão sofrida pela classe artística no Brasil. 

A culpa não deve ser do sol

Em vários momentos da leitura dos contos de Geovani Martins, trechos da canção "Caravanas" de Chico Buarque veio em minha mente. O que temos em mãos são narrativas que recolhem o que há de mais bárbaro e ao mesmo tempo o mais lírico da cidade do Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa é recortada e colocada em cheque em cada viela e becos das histórias narradas. A sensação de abandono e exclusão social nos leva uma reflexão que não é tão fácil assim de se fazer. Como aponta a canção "A culpa deve ser do sol que bate na moleira, o sol". Uma viagem nada sentimental sobre a sociedade brasileira.

A violência nossa de cada dia

A obra de Ana Paula Maia revela um Brasil esquecido. Invisível aos olhos da maioria. A leitura revela uma angustia silenciosa.  A violência social é tão avassaladora que chega em um momento que o silêncio que permeia os olhares e as ações dos personagens revela toda a angústia de se viver de forma tão miserável e sem nenhuma perspectiva de mudança. Os personagens da obra estão mais perto de nós do que possamos imaginar. É desolador.

Martinho e a dificuldade da renovação

Martinho da Vila sempre está na minha cartola de canções essenciais e sempre aguardo com expectativa seus trabalhos. Entretanto nos últimos anos, Martinho vem se pautando por uma excessiva revisão em sua discografia. Seu último CD de inéditas é de 2007. De lá pra cá, regravações de sucessos e se prestarmos atenção, quase das mesmas canções. Falta de criatividade tenho certeza que não é. O compositor Martinho sabe extrair poesia das coisas mais simples e elevá-las a obras primas. Espero que em outra oportunidade, Martinho volta a ser aquele arrojado artista que surpreende seus ouvintes com narrativas sensacionais. Todo mundo sabe da importância das canções "Menina Moça"; "Casa de Bamba"; "O Pequeno Burguês", mas estas canções estão nos seus últimos três discos. Se pelo menos os arranjos apresentassem novidades, mas fica na releitura do sucesso. Não era necessário.Apesar disso, 4.5 é o cd do momento em minha trilha sonora, mas logo depois corro e coloco

Arte e Sensibilidade

Minha noite começa com Pedro Almodovar e sua obra prima. Arte, sensibilidade, emoção e simplicidade quando se juntam resulta nisso. Um filme irreparável cheio de impressões e sentimentos. Que bom que exista coisas como Almodovar para mostrar que existe vida inteligente diante de tanta hipocrisia e baixaria em nossa volta. OUTRAS IMPRESSÔES Pedro Almodóvar tem um dom raro. Ele consegue transformar histórias bizarras em obras de arte únicas de sensibilidade extrema. Tais histórias, em mãos erradas, poderiam se tornar meros melodramas fadados ao fracasso e ao escracho geral, tanto de público quanto de crítica. Em Tudo Sobre Minha Mãe , o diretor consegue o seu trabalho máximo, com características marcantes de toda sua filmografia, como por exemplo o seu amor declarado pelas mulheres, o drama íntimo e pessoal de cada personagem trabalhado de maneira única e tudo recheado com as melhores referências cinematográficas possíveis, nunca beirando o plágio ou oportunismo.