A sensação é angustiante. A sensação que tive ao ler a nova obra de Chico Buarque foi de profunda desesperança e solidão. Por coincidência, estive em julho dez dias na cidade do Rio de Janeiro. Precisamente em Copacabana. Todos os contos do livro tem como cenário o cartão postal do país. Entretanto, esse cartão postal não é o oficial, o que revela toda a beleza do lugar. O que temos na obra é o lado B. As fissuras de um projeto de modernidade que não deu certo. Toda a desigualdade do nosso país, colocada sem adjetivos, sem possibilidade de mudança. Não precisava ser assim.
Termino a leitura da biografia de Jô Soares com certa decepção. O que temos é um amontoado de histórias e conversas sobre passagens importantes da memória do humorista brasileiro. O que eu queria de uma biografia autorizada também? Uma boa parte desses bastidores já foram explorados em seus programas inúmeras vezes. Cauteloso com a sua intimidade e sem apontar dedo para ninguém, traça um panorama leve de suas recordações. Vale a leitura principalmente ao apontar as contradições e imagens da ditadura militar e todo o processo de repressão sofrida pela classe artística no Brasil.