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Mostrando postagens de 2018

Podia ser diferente

Termino a leitura da biografia de Jô Soares com certa decepção. O que temos é um amontoado de histórias e conversas sobre passagens importantes da memória do humorista brasileiro. O que eu queria de uma biografia autorizada também? Uma boa parte desses bastidores já foram explorados em seus programas inúmeras vezes. Cauteloso com a sua intimidade e sem apontar dedo para ninguém, traça um panorama leve de suas recordações. Vale a leitura principalmente ao apontar as contradições e imagens da ditadura militar e todo o processo de repressão sofrida pela classe artística no Brasil. 

A culpa não deve ser do sol

Em vários momentos da leitura dos contos de Geovani Martins, trechos da canção "Caravanas" de Chico Buarque veio em minha mente. O que temos em mãos são narrativas que recolhem o que há de mais bárbaro e ao mesmo tempo o mais lírico da cidade do Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa é recortada e colocada em cheque em cada viela e becos das histórias narradas. A sensação de abandono e exclusão social nos leva uma reflexão que não é tão fácil assim de se fazer. Como aponta a canção "A culpa deve ser do sol que bate na moleira, o sol". Uma viagem nada sentimental sobre a sociedade brasileira.

A violência nossa de cada dia

A obra de Ana Paula Maia revela um Brasil esquecido. Invisível aos olhos da maioria. A leitura revela uma angustia silenciosa.  A violência social é tão avassaladora que chega em um momento que o silêncio que permeia os olhares e as ações dos personagens revela toda a angústia de se viver de forma tão miserável e sem nenhuma perspectiva de mudança. Os personagens da obra estão mais perto de nós do que possamos imaginar. É desolador.