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Mostrando postagens de dezembro, 2011

Política e Poder

O mérito das 555 páginas da última biografia é discutir não apenas a vida e a religiosidade de Cícero Romão Batista, mas mostrar os bastidores políticos e econômicos da Igreja Católica em todas as suas esferas. Lira realiza um amplo painel das condições históricas e sociais que permitiram o surgimento do fenômeno religioso que tomou proporções inimagináveis para a sociedade brasileira. Lira não realiza a exaltação do mito religioso. Mostra os lados positivos e os negativos da personalidade do Padim Ciço e seu profundo respeito a hierarquia eclesiástica personificada pelo Vaticano.Ao terminar a leitura fica o desejo de imediatamente visitar Juazeiro do Norte e conferir toda essa história passeando pelos locais sagrados e históricos do interior do país. **** Entrevista A partir do subtítulo – “Poder, Fé e Guerra no Sertão” -, você parece deixar claro que não poupa padre Cícero das muitas críticas negativas atiradas contra ele pelos detratores? É evidente que não. Não escrevi o livro p

And I Love Her (Lennon e MacCarteney)

I give her all my love That's all I do And if you saw my love You'd love her too I love her She gives me ev'rything And tenderly The kiss my lover brings She brings to me And I love her A love like ours Could never die As long as I Have you near me Bright are the stars that shine Dark is the sky I know this love of mine Will never die And I love her Bright are the stars that shine Dark is the sky I know this love of mine Will never die And I love her

É Luxo Só

É luxo só ter a oportunidade de ouvir os últimos trabalhos de Cauby Peixoto. Aos 82 anos de idade, Cauby lança um box com três cds inéditos mostrando e reforçando sua versatilidade e importância histórica. Os discos são sensacionais. O cantor acompanhado de uma orquestração competente que soube casar perfeitamente os arranjos com o virtuosismo vocal do cantor. O Brasil finalmente reconhece a força do canto de Cauby que comemora 60 anos de carreira. Cada cd apresenta uma proposta. Em "A Voz do Violão", Cauby tem a oportunidade de cantar os grandes nomes da MPB e seus principais sucessos. O cantor sempre quis gravar um disco desse porte. Durante muito tempo, preso a questões mercadológicas,nem sempre Cauby teve controle e autonomia para gravar seus discos. Mas na fase atual, respeitado com dignidade pela gravadora Lua Music, somos brindados com interpretações concisas acompanhadas pelo violão maravilhoso de Ronaldo Rayol: Guerreiro Menino (forte); Lembra de Mim (bonito demais);

Biografia de um Anarquista

Seguindo a tradição de aliar humor com uma ampla pesquisa histórica, "O Homem que matou Getúlio Vargas"´proporciona ao leitor a oportunidade de assistir aos fatos históricos pelo lado de dentro. Essa é a grande conquista realizada pelo humorista Jô Soares. As confusões do anarquista assassino "trapalhão" e sua falta de "sorte" ou "competência" o coloca como personagem central dos principais fatos históricos do início do século XX tanto na Europa quanto no Brasil. A leitura inicial é cansativa pelo excesso de informações biográficas que inserem o personagem principal. Mas no decorrer da leitura, o estilo de Jô Soares sobressai e o leitor é conduzido dentro da trama como se estivesse assistindo um bom filme. *** Nome: Dimitri Borja Korozec. Filiação: pai sérvio, mãe brasileira. Marca de nascença: seis dedos em cada mão. Ideologia: algo assim como uma espécie de anarquismo. Profissão: assassino. Vítimas preferenciais: líderes políticos. Ele é o home

Música da Semana: Recanto Escuro

Eu venho de um recanto escuro O sol, luz perpendicular Do outro lado azul do muro Não vou saltar Eu chego às portas da cidade E nada procuro fazer Espero, nem feliz nem gaia Acontecer Não salto mas sou carregada Por asas que a gente não tem A luz não me fulmina os olhos Nem vejo bem Em breve só saio de noite A lua não me rasga o peito Cool jazz me faz feliz e só Não tenho jeito O álcool só me faz chorar Convidam-me a mudar o mundo É fácil: nem tem que pensar Nem ver o fundo O chão da prisão militar Meu coração um fogareiro Foi só fazer pose e cantar Presa ao dinheiro Mas é sempre o recanto escuro Só Deus sabe o duro que eu dei Mulher, aos prazeres, futuro Eu me guardei Coisas sagradas permanecem Nem o Demo as pode abalar Espírito é o que enfim resulta De corpo, alma, feitos: cantar Caetano Veloso

Gal e Caetano

As minhas primeiras impressões do novo trabalho de Gal Costa são ambíguas. Nas audições iniciais, não senti nenhuma atração pelas canções arquitetadas por Caetano Veloso especialmente para a irmã de coração. Esse estranhamento é natural e posso tê-lo pois conheço profundamente a obra de Gal Costa. Cada vez que ouço o cd, entretanto, vou entrando na magia do canto suave da cantora acompanhando os arranjos eletrônicos, os arranhões, a secura dos arranjos criados pela galera de Caetano e vou encantando-me com o que ouço. Gal mostra sua ousadia mais uma vez ao arriscar trilhar esse novo caminho. Podia lançar mais um cd tradicional como vinha lançando, ao contrário da crítica, prefiro o último cd Hoje, onde Gal apresenta uma abordagem múltipla e variada de novos compositores da MPB. Isso também é ser ousada. Vou acostumando e me entregando a sonoridade proposta no trabalho da cantora. Na mesa do som, só há espaço para o recanto que sinto ser luminoso de Gal Costa.

Barulho Demais...

Leandro Narloch e Duda Teixeira procuram em seu novo guia histórico destruir ou revisar os principais mitos políticos que marcaram a História política, econômica e social da América Latina. Essa rediscussão, infelizmente, busca apresentar o lado oculto de líderes como Che Guevara, Peron e Evita, Salvador Allende dentre outros. Fofocas, bilhetinhos de mesa, encontro com ninfetas são apresentados como novidades mas isso não interessa em nenhum momento para entender o momento histórico em que esses líderes surgiram. Não gostei nenhum pouco da abordagem da obra que pretende ser um trabalho histórico, mas não é nada mais do que uma ampla colagem de reportagens extraídas da pesquisa empreendida pelos autores.

Má Educação

Alguns cineastas são conhecidos por fazer comédias, outros são melhores no drama e, outros, no suspense. Almodóvar não é diretor de um gênero só, é diretor de muitos gêneros em um filme só e essa é a característica de seu cinema. E, claro, o aguardado Má Educação não é diferente: tem drama, suspense, crimes, comédia e toques eróticos em uma roupagem que só este diretor espanhol consegue imprimir na película. A história na década de 80, quando Ignácio (Gael Garcia Bernal - muito bom, como sempre) procura um antigo amigo de infância, Enrico (Fele Martínez). Ignácio virou ator e está lá não somente para pedir emprego ao velho amigo que se tornou cineasta, mas também quer que leia uma história de sua autoria: A Visita. É quando Almodóvar nos transporta à infância dos amigos que, alunos de uma escola de padres, apaixonaram-se e foram separados pelo Padre Manolo (Daniel Giménez Cacho) que, por sua vez, era apaixonado por Inácio. Mais tarde, perturbado por conta das lembranças infantis, ele

Vida Inteligente no Cinema

Meu primeiro presente de final de ano veio em grande estilo. Os filmes de Pedro Almodóvar são sensacionais. Mergulhando em temas profundos, o diretor vasculha a alma humana, abordando todos os assuntos que interessam a nossa vida. Sexo, amor, abandono, violência, fome; sentimentos dispersos que mostram nossa fragilidade diante da vida. Neste final de semana revi Fale com Ela (lírico e denso. A cena da tourada com a canção de Elis Regina é covardia de tão bonita) e Má Educação. Vida inteligente no cinema nos deixa um pouco mais inteligente também. Crítica: Fale com Ela (Folha de SP) A maturidade chegou para Pedro Almodóvar, mas não lhe roubou o senso de aventura. "Fale com Ela", que tem exibição neste sábado no Festival do Rio BR -e que virá também para a Mostra de Cinema São Paulo-, é um filme impregnado de segurança e serenidade, mas nem por isso sem inquietação. A trajetória de Almodóvar é a de um cineasta que, aos poucos, foi se despindo dos efeitos fáceis. O jovem provoc

Bethânia encanta Chico Buarque

Era exatamente 21:23 quando Maria Bethânia surge no palco do teatro Rio Vermelho. O show foi perfeito. Tudo deu certo. Com poucos tropeços e nenhuma bronca, a cantora desfila emoções no teatro lotado com 2.007 pessoas. A roupa apresentada foi diferente das outras apresentações. Vestido longo parecido com o usado no 2 ato do show Dentro do Mar tem Rio. No repertório, Bethânia só não cantou Brejo da Cruz. Foi ovacionada ao cantar Olhos nos Olhos. Há muito tempo não via interpretações tão magnificas da cantora em canções como "Tira as mãos de mim", "Tatuagem","Noites dos mascarados". O show parece que tomou forma e Bethânia se mostra mais a vontade sem tropeços das apresentações anteriores. Alguns arranjos foram aprimorados: "Olê Olá" estava irresistivel; "Valsinha" com mais acordes encantou a platéia, que acompanhou logo depois a fantasia de "João e Maria". Sua interpretação de "Vida" foi sensacional, bem diferente da

Música do Dia: Tu Si' 'na Cosa Grande

Nessa manhã de descanso retiro do baú o belissimo trabalho de Zizi Possi. Há muito tempo que não escuto esse cd que conseguiu mostrar ao grande público toda a doçura e força do canto de Zizi Possi. Na mesa de som, a música mais bonita : Tu Si na Cosa Grande Tu si' 'na cosa grande per me'na cosa ca mi fà 'nnamurà'na cosa che si tu guarda a me Me ne moro accussì guardanno a teVurria sape' 'na cosa da tèPecchhè cuanno te guardo accussìSi pure tu te siente morì Nom me o dice e a nun me fai capìMa pecchèA (h) dille 'na vota solaChe pure tu stai tremmanno Dimme ca me vuò beneComm'io, comm'io, comm'io voglio bene a te Tu si' 'na cosa grande pe' me'na cosa ca tu stessa non saie'na cosa ca nun aggio avuto maie'nu bene accussì, accussì grande Tu Si' 'na Cosa Grande (Tradução) Você é uma coisa grande para mimuma coisa que me deixa apaixonadouma coisa que, se você olha pra mimposso até morrer assim, só olhando para você Qu

HISTÓRIAS INDECOROSAS

A cada livro lançado por Rubem Fonseca mais cresce minha admiração pelo autor. Seu mais recente trabalho, recupera o contista observador que através de sua lente enxerga aquilo que há de mais banal e profundo em nossa vida. Inspiração retirada do cotidiano, linguagem direta e objetiva, uma viagem sem ponto de chegada. Cotação: **** Outras Leituras: Laís Azevedo Axilas e Outras Histórias Indecorosas é o mais recente livro de contos de Rubem Fonseca, escritor considerado um dos maiores contistas brasileiros de todos os tempos. Nessa nova obra, o autor lança mão do estilo realista-brutalista que pautou sua produção na década de 1960 e 1970. Assim, a violência é trazida à tona nos contos que compõem a obra. Entretanto, ela não aparece sozinha, pois Fonseca, como um grande autor de romances de investigação, introjeta também elementos da narrativa policial em algumas histórias. E, é por isso que ele resgata uma das suas personagens que aparecem em Bufo & Spallanzani, o detetive Guedes, o

Que Pena que o Brasil não é uma nação séria!!!

"Com o estilo inconfundível e inimitável tão conhecido por seus leitores e ouvintes, Zé Simão mostra o lado mais engraçado do cotidiano do povo brasileiro em José Simão em: A Esculhambação Geral da República, que reúne mais de quinhentas piadas e análises bem-humoradas dos mais diversos assuntos da atualidade, como celebridades, política e futebol". Gosto muito do humor de José Simão. O olhar diferenciado que o jornalista tem das situações políticas no Brasil proporciona ao leitor uma nova perspectiva diante das situações abordadas. Por isso, como passatempo a obra diverte e leva o leitor a boas reflexões. Cotação: ***

Humor e Literatura

Jô Soares apresenta várias facetas. Em cada uma delas mostra seu talento e seu defeito. Como humorista antenado com o momento histórico podemos acompanhar sua história nos programas exibidos no canal Viva no auge do Viva o Gordo. Como entrevistador, Jô Soares está cada vez mais triste. São poucas as entrevistas boas que o intelectual consegue fazer. Ficou parado no tempo das piadinhas sem sentido e dos fatos insólitos das personalidades. Evito assistir suas entrevistas deprimentes. Como escritor, Jô Soares mostra sua melhor faceta. Tudo que caracteriza sua inteligência está na literatura. Humor na medida certa, trabalho de pesquisa primoroso e muita elegância, Jô prende a atenção do leitor em seu novo livro que dificilmente o leitor consegue deixar de ler. O estilo é o mesmo: assassinatos, confusões, pistas falsas, tipos sociais imperdíveis. Todos os ingredientes encontrados nas outras obras literárias de Jô. O final de ano fica bem melhor quando Jô Soares se dedica a literatura. Pena