Inicio a leitura do romance de Hilda Hilst. Antes de entrar em contato com o texto, fiz uma ampla leitura das resenhas críticas acerca de tal obra e confesso que achei as resenhas moralistas demais para o meu gosto. Convencional e de fácil digestão, a literatura e a prosa de Hilda Hilst não é de fácil digestão. Ainda bem, pois de mediocridade já estamos fatos, mas em todo o caso, o livro deve ser lido com bastante atenção para não termos dele uma visão errônea sobre suas situações narrativas. Em breve faço um comentário mais detalhado sobre essa obra de Hilda Hilst. Mas de inicio, já deixo claro minha simpatia pela narrativa e pela maneira irônica que a personagem principal conta suas aventuras "infantis".
Lembro-me de que era um belo dia de sol, cheio do burburinho popular, nas ruas atulhadas de veículos. Um dia bastante quente e de perfeita transparência. Do meu terraço via-se uma grande confusão de telhados, parques esparsos, um naco de baía juncado de mastros, a linha reta e cinzenta de uma avenida..... Por volta das onze horas caíram as primeiras fagulhas. Uma aqui, outra ali, partículas de cobre semelhantes às faíscas de um pavio; partículas de cobre incandescente que batiam no chão com um barulhinho de areia. O céu continuava límpido, o ruído urbano não diminuía. Só os pássaros da minha gaiola pararam de comer. (Leopoldo Lugones) A leitura desse texto de Lugones é sensacional. Impressiona pela beleza plástica e pela apoteose apresentada acerca do fim do mundo e a cena do fogo tomando conta, destruindo tudo em sua volta. Raridade. O texto está presente na coletânea dos "melhores contos bíblicos" da Ediouro.
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