Pular para o conteúdo principal

Pura Festa de Junho



Com criatividade e humor o novo disco de Gilberto Gil agrada e muito. As 13 canções do artista são maravilhosas. Arranjos, instrumental, sua voz, tudo cadenciado de maneira simples e divertida. Que bom acompanhar uma retomada sem rigidez do artista depois de ficar um bom tempo no ministério da cultura. Segundo Mauro Ferreira: "A fé nos sons das festas de junho parece ter feito Gilberto Gil pôr fé na própria arte da composição. Nas lojas a partir desta terça-feira, 1º de junho de 2010, Fé na Festa é o melhor disco de inéditas do artista baiano desde Dia Dorim Noite Neon (1985). A qualidade exemplar dos xotes, xaxados, toadas e baiões compostos para Fé na Festa dá vigor ao álbum e revitaliza a obra de Gil, até então mais voltada para projetos retrospectivos e para tributos a ícones como Bob Marley (1945 - 1981) e Luiz Gonzaga (1912 - 1989). A alma e a rítmica nordestina do Rei do Baião, a propósito, se insinuam no CD sem impor tom saudosista a Fé na Festa. Ao contrário, Gil foca as festas de junho sob ótica sempre contemporânea".
A genialidade de Gil está nesse casamento que realiza entre o tradicional e o moderno. Minha trilha sonora do mês de julho já começou bem com a nova festa de Gilberto Gil. ****
Destaque para as canções: . O Livre-Atirador e a Pegadora; Vinte e seis; Maria minha; São João Carioca.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A Chuva de Fogo

Lembro-me de que era um belo dia de sol, cheio do burburinho popular, nas ruas atulhadas de veículos. Um dia bastante quente e de perfeita transparência. Do meu terraço via-se uma grande confusão de telhados, parques esparsos, um naco de baía juncado de mastros, a linha reta e cinzenta de uma avenida..... Por volta das onze horas caíram as primeiras fagulhas. Uma aqui, outra ali, partículas de cobre semelhantes às faíscas de um pavio; partículas de cobre incandescente que batiam no chão com um barulhinho de areia. O céu continuava límpido, o ruído urbano não diminuía. Só os pássaros da minha gaiola pararam de comer. (Leopoldo Lugones) A leitura desse texto de Lugones é sensacional. Impressiona pela beleza plástica e pela apoteose apresentada acerca do fim do mundo e a cena do fogo tomando conta, destruindo tudo em sua volta. Raridade. O texto está presente na coletânea dos "melhores contos bíblicos" da Ediouro.

Martinho e a dificuldade da renovação

Martinho da Vila sempre está na minha cartola de canções essenciais e sempre aguardo com expectativa seus trabalhos. Entretanto nos últimos anos, Martinho vem se pautando por uma excessiva revisão em sua discografia. Seu último CD de inéditas é de 2007. De lá pra cá, regravações de sucessos e se prestarmos atenção, quase das mesmas canções. Falta de criatividade tenho certeza que não é. O compositor Martinho sabe extrair poesia das coisas mais simples e elevá-las a obras primas. Espero que em outra oportunidade, Martinho volta a ser aquele arrojado artista que surpreende seus ouvintes com narrativas sensacionais. Todo mundo sabe da importância das canções "Menina Moça"; "Casa de Bamba"; "O Pequeno Burguês", mas estas canções estão nos seus últimos três discos. Se pelo menos os arranjos apresentassem novidades, mas fica na releitura do sucesso. Não era necessário.Apesar disso, 4.5 é o cd do momento em minha trilha sonora, mas logo depois corro e coloco

Um passeio pelas ruas do Brasil

  A sensação é angustiante. A sensação que tive ao ler a nova obra de Chico Buarque foi de profunda desesperança e solidão. Por coincidência, estive em julho dez dias na cidade do Rio de Janeiro. Precisamente em Copacabana. Todos os contos do livro tem como cenário o cartão postal do país. Entretanto, esse cartão postal não é o oficial, o que revela toda a beleza do lugar. O que temos na obra é o lado B. As fissuras de um projeto de modernidade que não deu certo. Toda a desigualdade do nosso país, colocada sem adjetivos, sem possibilidade de mudança. Não precisava ser assim.