Dois motivos para o sucesso do novo disco de Cauby Peixoto. Primeiro, ao cantar as canções de Roberto e Erasmo Carlos, o interprete deixa de lado as firulas e os arroubos dramáticos oferecendo elegância, sofisticação e principalmente valorizando ainda mais as imagens apresentadas nas canções de Roberto. Segundo ponto, essa interpretação proporciona ao ouvinte a sensação de assistir a um grande filme de amor. Com momentos felizes, tristes, emocionante e intenso. Não indico nenhuma canção em especial, pois vejo o cd como um conjunto coeso impossível de delimitar minhas canções preferidas. Cauby, aos 76 anos, proporciona a música popular brasileira, a possibilidade de poder encontrar nas canções de Roberto e Erasmo, ainda imagens que outros cantores não foram capazes de apresentar nas mais diversas gravações de suas canções. *****
Lembro-me de que era um belo dia de sol, cheio do burburinho popular, nas ruas atulhadas de veículos. Um dia bastante quente e de perfeita transparência. Do meu terraço via-se uma grande confusão de telhados, parques esparsos, um naco de baía juncado de mastros, a linha reta e cinzenta de uma avenida..... Por volta das onze horas caíram as primeiras fagulhas. Uma aqui, outra ali, partículas de cobre semelhantes às faíscas de um pavio; partículas de cobre incandescente que batiam no chão com um barulhinho de areia. O céu continuava límpido, o ruído urbano não diminuía. Só os pássaros da minha gaiola pararam de comer. (Leopoldo Lugones) A leitura desse texto de Lugones é sensacional. Impressiona pela beleza plástica e pela apoteose apresentada acerca do fim do mundo e a cena do fogo tomando conta, destruindo tudo em sua volta. Raridade. O texto está presente na coletânea dos "melhores contos bíblicos" da Ediouro.
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