
Será que através da ficção podemos compreender os bastidores de determinados fatos históricos? Que tipo de relação existe entre literatura e sociedade? Esse blog foi criado com essa intenção. Discutir as possibilidades diversas desse encontro de duas formas de conhecimento.
A leitura do romance de Rubem Fonseca ajuda a compreender e responder algumas destas questões. A primeira, somos convidados a participar dos bastidores da investigação do assassinato de um importante industrial que acontece no mês de agosto de 1954. Um mês complicado para a história brasileira. Através das investigações do comissário Alberto Mattos, percebemos a falta de escrúpulos de algumas instituições sociais: corrupção policial, favorecimento ilícito, nepotismo, o Estado patrimonialista servindo de interesses a um pequeno grupo.
Paralela a essa investigação, o narrador aborda todo o processo que culminou no suicídio de Getúlio Vargas, mesclando personagens reais com ficcionais. Todos os nomes importantes como o de Carlos Lacerda, o ministro Tancredo Neves, o filho de Getúlio, Lutero Vargas, e lógico, a figura intensa de Gregório Fortunato.
Ao longo do romance, Fonseca aponta passagens irônicas e imperdíveis (encontro de Salete e Alice na casa de Matos; Salete resolve fazer uma macumba para ficar com Matos; a loucura final de Matos que solta todos os presos da delegacia depois de acompanhar o velório de Vargas).
A literatura pode desvendar aspectos da realidade que não são possíveis de visualizar por causa das várias limitações que a mesma proporciona a cada um de nós.*****
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