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Releitura de Gabriela

Nas minhas releituras de plantão, fui instigado a reler a obra de Jorge Amado. O que eu mais gosto dessa fase de sua literatura é a liberdade que o autor tem em realizar uma obra extremanente leve mesmo abordando temáticas caras a literatura brasileira. Costumo dizer que o que menos importa no texto é a narrativa de Gabriela e sua aventura de amor com Nacib. O livro traz muitas outras abordagens. Leio Gabriela para acompanhar o discurso político que permeia toda a obra ao colocar em confronto dois projetos políticos para a cidade de Ilhéus que nesse instante se transforma em um microcosmos para entender o projeto de um país. Não vou acompanhar a nova adaptação pois tenho certeza que ela não proporcionará nem metade do prazer e do humor que encontro nas páginas de Jorge Amado.
OUTRAS IMPRESSÕES

Gabriela, cravo e canela inaugura uma nova fase na obra de Jorge Amado. A partir deste romance, o autor atenua o conteúdo político que marcou seus primeiros livros para dar ênfase à mistura racial, ao erotismo e a uma percepção sensorial do mundo. Ganham destaque as personagens femininas: as mulheres passam ao centro das narrativas como mito sexual, mas também como agentes do próprio desejo. Gabriela, cravo e canela foi o primeiro livro escrito por Jorge Amado depois de deixar o Partido Comunista. Publicado em 1958, o romance recebeu no ano seguinte os prêmios Machado de Assis e Jabuti. Pouco depois, em 1961, Jorge Amado seria eleito para a Academia Brasileira de Letras, em grande parte graças ao estrondoso sucesso do livro. Gabriela virou novela da TV Tupi, em 1961, e mais tarde da rede Globo, em 1975. Traduzido para mais de trinta idiomas, Gabriela, cravo e canela é o livro de Jorge Amado com o maior número de traduções. (www.jorgeamado.com.br)

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