
Ruy Castro brinda os leitores com muito humor e fantasia nessa eletrizante história onde personagens reais se mesclam com personagens fictícios, compondo um painel maravilhoso de um período histórico marcante da sociedade brasileira: os primeiros anos da república e a modernização da cidade do RJ no início do século XX.
O narrador brinca com o leitor a todo instante. Informações precisas sobre os principais pontos da cidade, seus frequentadores, a intensa movimentação e seus tipos inesquecíveis revela a faceta do escritor pesquisador que Ruy Castro traz na bagagem.
O narrador brinca com o leitor a todo instante. Informações precisas sobre os principais pontos da cidade, seus frequentadores, a intensa movimentação e seus tipos inesquecíveis revela a faceta do escritor pesquisador que Ruy Castro traz na bagagem.
É divertido depararmos com situações inusitadas envolvendo Olavo Bilac (senso de humor intenso), José do Patrocínio (amargurado pelo esquecimento e sonhador ao extremo), Santos Dumont (colhendo as glórias de sua invenção) e o bando de capoeristas que dão o que falar na obra.
Mas nada é melhor do que ver a personagem Eduarda (morena sedutora, irresistível) tentar seduzir completamente nua Bilac tendo como tratagema, versos de suas poesias eróticas. Ao recitar os versos e as atitudes de Bilac diante da espirituosa situação são momentos hilários que não devem ser esquecidos. ***
Comentários:Sétimo volume da coleção 'Literatura ou Morte', este livro marca a estréia de Ruy Castro na ficção. O rigoroso trabalho de pesquisa histórica que o autor exibiu em biografias como 'Estrela solitária' e 'Anjo pornográfico' vem combinado com a liberdade de imaginação nesta novela que tem como protagonista um poeta que já foi idolatrado pelos brasileiros - Olavo Bilac. O cenário e a época de 'Bilac vê estrelas' são reais - boa parte da história se passa nas ruas do Rio durante a agitada Belle Époque carioca.
O protagonista e seus amigos jornalistas, poetas e bebuns também são de carne e osso. E o próprio balão de Patrocínio existiu - sim, na vida real o Tigre da Abolição chegou a construir um dirigível. O documentário é só um pano de fundo para a ficção. Em meio aos arranca-rabos desse caso hilariante de espionagem industrial, Ruy Castro faz Bilac ser atacado na cama pela bela e tórrida portuguesa, deixa-o para morrer desacordado num hangar em chamas, obriga os bandidos a fugir numa charrete em disparada pela rua do Ouvidor, e tudo isso durante a vinda de Santos-Dumont ao Brasil.
O tom de pastelão já se anuncia desde o começo da narrativa. A farofa começa a se apimentar numa paródia à música “Sassaricando”.Uma chuva de adjetivos estende-se pelas páginas seguintes buscando um efeito cômico tão querido dos jornalistas de hoje , com a ironia de sempre: “Saçaricando na porta da Colombo Bilac, era um assombro.Viúvas,brotinhos e madames passavam pela famosa confeitaria da rua Gonçalves Dias lambendo-o com o rabo dos olhos .Não que Bilac fosse irresistivelmente lambível .Podia ser alto,esbelto,elegante e o poeta mais querido do Brasil, mas era vesgo(...)era como se com o olho direito estivesse fritando o peixe e com o direito olhando o gato.Tentando disfarçar o estrabismo Bilac decidiu passar o resto da vida de perfil (...)Ouvir Bilac em pessoa recitando alguns dos seus versos de vinte e quatro quilates mesmo enquanto mastigava um croquete de siri,devia ser até melhor do que ouvir as estrelas propriamente ditas”.
O ano é 1903.A narrativa na 3ª pessoa personaliza-se com verbos na 1ª, como na página 14: “estávamos no século XX...”. O efeito buscado lembra em muito algumas passagens do programa “Os Trapalhões” do comediante Renato Aragão ou ainda os humoristas do cinema mudo norte-americano.Como no trecho que descreve o primeiro acidente de automóvel no Brasil, que foi protagonizado por Bilac que havia pedido emprestado o carro de José do Patrocínio, ele, “o tigre da abolição” que é o segundo personagem principal do romance cujo tema é a construção do seu dirigível, à qual Bilac dá o maior apoio, sob às vistas de uma narrativa que insinua que Bilac era um pouco gay.
As estrelas do título surgem quando Eduarda dá uma bengalada na cabeça de Bilac ao tentar no hangar onde Patrocínio construíra seu dirigível,ela foi lá com o padre disposta, mais uma vez, a tudo,inclusive matar..Num delírio Bilac,num balão soltado por Victor Hugo(o clássico francês,em pessoa) vai parar no Monte Parnaso onde encontra Apolo (!) e as musas, acima das estrelas. No final do livro uma festança para recepcionar Santos-Dumont na sua volta ao Brasil, enquanto Bilac e sua turma prendem Eduarda,o padre e a gangue de capoeiras que eles haviam contratado. Um quiprocó. (Estudos Literários de Moisés Neto)
O tom de pastelão já se anuncia desde o começo da narrativa. A farofa começa a se apimentar numa paródia à música “Sassaricando”.Uma chuva de adjetivos estende-se pelas páginas seguintes buscando um efeito cômico tão querido dos jornalistas de hoje , com a ironia de sempre: “Saçaricando na porta da Colombo Bilac, era um assombro.Viúvas,brotinhos e madames passavam pela famosa confeitaria da rua Gonçalves Dias lambendo-o com o rabo dos olhos .Não que Bilac fosse irresistivelmente lambível .Podia ser alto,esbelto,elegante e o poeta mais querido do Brasil, mas era vesgo(...)era como se com o olho direito estivesse fritando o peixe e com o direito olhando o gato.Tentando disfarçar o estrabismo Bilac decidiu passar o resto da vida de perfil (...)Ouvir Bilac em pessoa recitando alguns dos seus versos de vinte e quatro quilates mesmo enquanto mastigava um croquete de siri,devia ser até melhor do que ouvir as estrelas propriamente ditas”.
O ano é 1903.A narrativa na 3ª pessoa personaliza-se com verbos na 1ª, como na página 14: “estávamos no século XX...”. O efeito buscado lembra em muito algumas passagens do programa “Os Trapalhões” do comediante Renato Aragão ou ainda os humoristas do cinema mudo norte-americano.Como no trecho que descreve o primeiro acidente de automóvel no Brasil, que foi protagonizado por Bilac que havia pedido emprestado o carro de José do Patrocínio, ele, “o tigre da abolição” que é o segundo personagem principal do romance cujo tema é a construção do seu dirigível, à qual Bilac dá o maior apoio, sob às vistas de uma narrativa que insinua que Bilac era um pouco gay.
As estrelas do título surgem quando Eduarda dá uma bengalada na cabeça de Bilac ao tentar no hangar onde Patrocínio construíra seu dirigível,ela foi lá com o padre disposta, mais uma vez, a tudo,inclusive matar..Num delírio Bilac,num balão soltado por Victor Hugo(o clássico francês,em pessoa) vai parar no Monte Parnaso onde encontra Apolo (!) e as musas, acima das estrelas. No final do livro uma festança para recepcionar Santos-Dumont na sua volta ao Brasil, enquanto Bilac e sua turma prendem Eduarda,o padre e a gangue de capoeiras que eles haviam contratado. Um quiprocó. (Estudos Literários de Moisés Neto)
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