
O novo disco de Chico Buarque traz toda a assinatura do artista. Momentos de intensa beleza poética, ironia com o temáticas da qual não podemos fugir como a fugacidade do tempo são enredos de canções apresentadas em seu recente trabalho. Altamente recomendado para todos que adoram uma música popular com qualidade e riqueza poética. Não é qualquer um capaz de fazer uma letra como a que posto abaixo.
Se a dona se banhou Eu não estava lá
Por Deus Nosso Senhor Eu não olhei Sinhá
Estava lá na roça Sou de olhar ninguém
Não tenho mais cobiça Nem enxergo bem
Para que me pôr no tronco
Para que me aleijar
Eu juro a vosmecê
Que nunca vi Sinhá
Por que me faz tão mal
Com olhos tão azuis
Me benzo com o sinal
Da santa cruz
Eu só cheguei no açude Atrás da sabiá
Olhava o arvoredo Eu não olhei Sinhá
Se a dona se despiu Eu já andava além
Estava na moenda Estava para Xerém
Por que talhar meu corpo
Eu não olhei Sinhá
Para que que vosmincê
Meus olhos vai furar
Eu choro em iorubá
Mas oro por Jesus
Para que que vassuncê
Me tira a luz
E assim vai se encerrar
O conto de um cantor
Com voz do pelourinho
E ares de senhor
Cantor atormentado
Herdeiro sarará
Do nome e do renome
De um feroz senhor de engenho
E das mandingas de um escravo
Que no engenho enfeitiçou Sinhá
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