
A leitura do romance de Cristina Norton é extremamente agradável e prende o leitor com agilidade e destreza. A história é contada por vários pontos de vistas: pelos escravos da casa do protagonista, por sua esposa, por cartas do pai (reais) traçando o maravilhoso ambiente dos primeiros anos da chegada da família real portuguesa ao Brasil. Luís Marrocos aprende a amar o Brasil diante de suas belezas naturais e sociais. Fontes históricas convive com fatos ficcionais redimensionando determinados fatos. O livro é nota 10. Vale a pena.... a abaixo mais comentários da obra:
Esta história acompanha a existência de um bibliotecário viciado em remédios, Luís Joaquim dos Santos Marrocos, que vem para o Brasil, em 1811, trazendo em sua bagagem 76 caixas contendo um verdadeiro tesouro. Ele cruza o Oceano Atlântico na companhia das peças preciosas da Real Biblioteca do Palácio de Ajuda.
Estes livros e documentos foram deixados para trás no atracadouro de Belém quando D. João VI deixou Portugal ao lado de sua corte e fugiu para o Brasil, em 1808. Alguns anos depois ele encarregou o bibliotecário real de escoltar o acervo português até terras brasileiras. O protagonista não encontra no Rio de Janeiro o paraíso descrito por muitos; ele tem sérias dificuldades para se adaptar nesta cidade. Nada o atrai, nem a gastronomia, nem os odores, e as altas temperaturas o consomem. Ele também se depara com uma nobreza repleta de dívidas que, mesmo assim, cultua um cerimonial ostensivo e rude em sua rotina diária.
Mas o sol vai nascer também para este personagem, e ele fica deslumbrado com o país quando conhece Ana de Souza Murça. Figuram ao lado deste personagem singular uma escrava muda que decide revelar uma história mantida em sigilo ao longo de 200 anos; um serviçal que ama a pessoa errada; uma jovem carioca que abre as portas do paraíso sexual para um português entediado; um cientista hebreu que tem por missão proteger duas obras raras e acaba sofrendo um naufrágio nas proximidades das Ilhas Malvinas, entre outras figuras inusitadas.
Cristina desvenda diante do olhar do leitor uma existência que atravessa eventos imprevisíveis, pontuados por um fino sarcasmo que se mescla a passagens realmente enternecedoras. Após o retumbante êxito de sua obra O Segredo da Bastarda, a autora novamente encanta o público e a crítica com sua expressividade e seu dom para produzir sempre algo novo. A estas qualidades une-se a intensa dedicação da escritora a uma investigação histórica sincera. (Ana Lucia Santana)
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