O amigo Oswaldo Mendes realiza uma bonita homenagem ao dramaturgo Plinio Marcos. Sua vida é passada a limpo, sem abordar muito as polêmicas envolvidas pelo autor. Seu teatro transgressor e perseguido tanto pela grande midia como por governos totalitários, indica que Plinio sempre esteve a frente do seu tempo. Sua literatura chega a ser leitura de criança diante de toda a trágica vida cotidiana que temos em nossa volta. Redescobrir seus textos é uma forma de tentar recuperar através da dor e da revolta, aquilo que já perdemos de tanto conviver com a pobreza sem fazer nada, com a violência sem fazer nada, nada, nada.
Lembro-me de que era um belo dia de sol, cheio do burburinho popular, nas ruas atulhadas de veículos. Um dia bastante quente e de perfeita transparência. Do meu terraço via-se uma grande confusão de telhados, parques esparsos, um naco de baía juncado de mastros, a linha reta e cinzenta de uma avenida..... Por volta das onze horas caíram as primeiras fagulhas. Uma aqui, outra ali, partículas de cobre semelhantes às faíscas de um pavio; partículas de cobre incandescente que batiam no chão com um barulhinho de areia. O céu continuava límpido, o ruído urbano não diminuía. Só os pássaros da minha gaiola pararam de comer. (Leopoldo Lugones) A leitura desse texto de Lugones é sensacional. Impressiona pela beleza plástica e pela apoteose apresentada acerca do fim do mundo e a cena do fogo tomando conta, destruindo tudo em sua volta. Raridade. O texto está presente na coletânea dos "melhores contos bíblicos" da Ediouro.
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