Chega em minhas mãos o novo disco a vivo de Maria Bethânia e as impressões iniciais são impressionantes. Sem dúvida nenhuma é o disco ao vivo mais bem gravado da cantora. Som límpido, tocante e até no silêncio ouvimos o que não é tão usual assim. Só consigo emitir uma opinião mais crítica depois de ouvir várias vezes um disco. O show de Bethânia não é um dos meus preferidos, mas a sensação que temos ao ouvir o disco é de uma intimidade, como se a cantora estivesse cantando pessoalmente para você. Acredito que em matéria de mixagem, som, é o disco ao vivo mais bem gravado da música popular brasileira. ******
Lembro-me de que era um belo dia de sol, cheio do burburinho popular, nas ruas atulhadas de veículos. Um dia bastante quente e de perfeita transparência. Do meu terraço via-se uma grande confusão de telhados, parques esparsos, um naco de baía juncado de mastros, a linha reta e cinzenta de uma avenida..... Por volta das onze horas caíram as primeiras fagulhas. Uma aqui, outra ali, partículas de cobre semelhantes às faíscas de um pavio; partículas de cobre incandescente que batiam no chão com um barulhinho de areia. O céu continuava límpido, o ruído urbano não diminuía. Só os pássaros da minha gaiola pararam de comer. (Leopoldo Lugones) A leitura desse texto de Lugones é sensacional. Impressiona pela beleza plástica e pela apoteose apresentada acerca do fim do mundo e a cena do fogo tomando conta, destruindo tudo em sua volta. Raridade. O texto está presente na coletânea dos "melhores contos bíblicos" da Ediouro.
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