
Entretenimento e fantasia. O resultado final do filme de Cecília Amado pode ser resumido nessas duas palavras. Dificilmente uma adaptação cinematográfica de uma obra literária consegue alcançar a magia do texto. Mas essa não é também a função do cinema. Literatura e cinema são expressões artísticas distintas. Mesmo assim, o filme de Cecília Amado consegue despertar no espectador um pouco da beleza e esperança que identificamos na trajetória desses menores abandonados.
Acertos: Manter a ambientação do filme nos anos 30; trilha sonora exemplar (presença de Zéu Britto) casando com imagens e uma bonita fotografia da cidade de Salvador; a valorização do personagem Boa Vida com ótimas tiradas de humor.
Problemas: Alguns personagens não tiveram suas histórias destacadas: a violência de Volta Seca (aparece quase depois de 30 minutos do filme); as contradições vividas pelo padre João José e sua aproximação com os capitães; e principalmente, a ausência da abordagem política dada por Jorge Amado na discussão sobre os reformatórios de menores abandonados.
Mas esses problemas existem na minha cabeça de professor e leitor assíduo de Jorge Amado. Para o filme, que concentra-se sobre o triângulo amoroso Pedro- Dora- Professor; o amor extravagante entre Gato e Dalva, a ausência da discussão política não é sentida. A abordagem é lírica e sentimental. Mas que seria bonito ver a imagem de Pedro Bala nadando em alto mar em busca do corpo de Dora isso seria sim; Bala liderando os estivadores na luta por melhores condições de trabalho isso seria sim; Volta Seca extravasando sua raiva nas lutas empreendidas pelo cangaço isso seria sim; o suícidio de Sem Pernas diante da amargura de nunca conseguir amar alguém isso seria sim........
Cotação: ***
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