O filme de Hugo Carvana pretendia mostrar a trajetória de um personagem que seria uma espécie de "campeão da alegria". Ao assistir o filme, fica a percepção de que de "alegria" o personagem Apôlonio Brasil não tem é nada. Por isso, o filme fica devendo muito. Tirando a trilha sonora que é cuidadosa e bem escolhida, o resto não tem motivo nenhum para existir. Algumas interpretações chegam a ser patéticas, além do filme ser longo demais para o fraco tema. É uma pena, pois Carvana tem na bagagem direções interessantes dentro do cinema brasileiro. No cartaz do filme, há uma frase enganadora: seu coração vai pedir bis!!!! Eu acredito que não, não e não. *
Lembro-me de que era um belo dia de sol, cheio do burburinho popular, nas ruas atulhadas de veículos. Um dia bastante quente e de perfeita transparência. Do meu terraço via-se uma grande confusão de telhados, parques esparsos, um naco de baía juncado de mastros, a linha reta e cinzenta de uma avenida..... Por volta das onze horas caíram as primeiras fagulhas. Uma aqui, outra ali, partículas de cobre semelhantes às faíscas de um pavio; partículas de cobre incandescente que batiam no chão com um barulhinho de areia. O céu continuava límpido, o ruído urbano não diminuía. Só os pássaros da minha gaiola pararam de comer. (Leopoldo Lugones) A leitura desse texto de Lugones é sensacional. Impressiona pela beleza plástica e pela apoteose apresentada acerca do fim do mundo e a cena do fogo tomando conta, destruindo tudo em sua volta. Raridade. O texto está presente na coletânea dos "melhores contos bíblicos" da Ediouro.
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