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Mostrando postagens de janeiro, 2011

Muitos Perdidos nas noites do Brasil

Adaptar textos de Plínio Marcos é um desafio. Sua força, densidade, ambientes densos e uma violência exacerbada são características do teatro de Plínio e por isso, toda a polêmica envolvendo sua obra. Mesmo assim, José Jofilli realiza um bom filme que atualiza a narrativa de Plínio. Um pouco diferente da peça de teatro, o conflito entre dois homens são substituídos por um casal. Muda o espaço (Rio de Janeiro para Nova York, denunciando a "ilusão" de que a vida nos EUA seria melhor), muda os comportamentos, mas a essência do texto, de certa maneira, persiste. Trabalho eficiente de Roberto Bomtempo e Debora Falabella supera todas as expectativas. Vale a pena assistir. *** Informações extras (site de literatura) A peça é inspirada no conto O terror de Roma, do italiano Alberto Moravia . Paco e Tonho dividem um quarto em uma hospedaria barata e durante o dia trabalham no mercado, como carregadores. As personagens mantêm uma relação conflituosa, e sempre estão discutindo

Noite Inesquecível

Da extensa discografia de Caetano Veloso a homenagem realizada a Frederico Felline e sua esposa Giulieta é, na minha opinião, seu trabalho mais vigoroso e intenso. Conheço toda a obra de Caetano (canções, ideias, narrativas)e isso me permite afirmar a beleza e a grandiosidade desse disco. 19 faixas que realizam um passeio pelo universo musical de Caetano e as reminiscências que Felline, com suas obras primas, encantava o garoto de Santo Amaro. Do início ao fim, o disco é sensacional. Não vou citar o nome de nenhuma canção de destaque, pois vejo no roteiro do show apresentado em praça pública, a narrativa emocionada de amor que os súditos por ventura fazem de seus ídolos. ****** Abaixo um comentário de Caetano Veloso sobre seu disco Eu estava em Nova Iorque mixando “Circuladô” quando recebi a carta de Maddalena Fellini me sugerindo, em nome da Fondazione Fellini, que eu fizesse uma apresentação em Rimini em homenagem a Federico e Giulietta. A irmã de Federico me contava que Giulietta ch

O Mito e a Censura

Sem dúvida nenhuma a peça "O Berço do Herói" de Dias Gomes nos apresenta ainda hoje questões atuais que estão presentes no nosso cotidiano. O curioso é que ao conhecer os bastidores da peça, somos convidados a conhecer de perto os mecanismos de poder e de censura que existia no Brasil nos anos 60. Uma narrativa que coloca em questão a honra e a história do exército brasileiro mostrando a imensa atuação política por trás de suas verdadeiras intenções. Leitura recomendada de alto nível. Lembrando que a peça, escrita em 1964, só foi encenada pela primeira vez nos Estados Unidos em 1983. No Brasil, tivemos poucas encenações. Aliais, Dias Gomes se recusava a aceitar a montagem desse texto. O fato é que na tentativa de enganar os censores, Dias Gomes usou o argumento central da peça e os principais personagens é produziu aquela que foi sem dúvida nenhuma uma das melhores novelas que já foi exibida no Brasil: Roque Santeiro.

Poesia Semana

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. O Tejo tem grandes navios E navega nele ainda, Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, A memória das naus. O Tejo desce de Espanha E o Tejo entra no mar em Portugal. Toda a gente sabe isso. Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia E para onde ele vai E donde ele vem. E por isso porque pertence a menos gente, É mais livre e maior o rio da minha aldeia. Pelo Tejo vai-se para o Mundo. Para além do Tejo há a América E a fortuna daqueles que a encontram. Ninguém nunca pensou no que há para além Do rio da minha aldeia. O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. Quem está ao pé dele está só ao pé dele. Alberto Caeiro